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Violência de gênero contra jornalistas

Violência de gênero contra jornalistas

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O que é o projeto Violência de gênero contra jornalistas?

O projeto Violência de gênero contra jornalistas é uma derivação do monitoramento de ataques gerais à imprensa, feito anualmente pela Abraji usando a metodologia da rede Voces del Sur. Desde 2022, o projeto publica, nos relatórios de monitoramento, os dados com recorte de gênero, resultados do acompanhamento feito nos anos anteriores.

A pesquisa identifica, registra e classifica casos de violência explícita de gênero contra profissionais da imprensa – quando sexualidade, identidade de gênero e elementos relacionados são usados para ferir e ofender –, além de episódios que vitimam mulheres jornalistas, cis e trans, assumindo que esses ataques têm machismo e misoginia sistêmicos como pano de fundo. Em 2020, 37,5% dos 367 ataques a pessoas comunicadoras foram direcionados a mulheres. Esses dados revelam as dificuldades de ser mulher jornalista no Brasil, especialmente em um contexto de pandemia, desinformação e constantes investidas de governantes contra a credibilidade jornalística. 

Objetivos do projeto e metodologia

O objetivo geral do monitoramento é lançar luz sobre o cenário de violência que atinge mulheres jornalistas e membros da imprensa, especialmente quando as agressões assumem características de gênero – vitimando, também, homens cisgêneros, pessoas transgêneras, travestis, não-binárias e outras identidades incluídas na comunidade LGBTQIA+. Além de dimensionar o problema, a pesquisa identifica os principais autores das agressões e elucida mecanismos geradores da violência. A partir desse diagnóstico, é possível propor ações e intervenções mais efetivas. 

Ao monitorar essas situações, a Abraji acompanha as respostas do governo brasileiro às metas 5 (Igualdade de gênero) e 16 (Paz, Justiça e Instituições fortes) para a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), cumprindo, dessa maneira, o papel fiscalizador do jornalismo em sociedades democráticas.

Há alguns obstáculos na realização de uma pesquisa nesses moldes, como a dificuldade em definir um ataque de gênero e a subnotificação de casos, devido ao estigma que acompanha uma denúncia de violência. Para combater esses problemas, o projeto ampliou seus meios de coleta, de modo a se aproximar do cenário real de ataques.

A metodologia combina diferentes técnicas para compor o banco de dados: alertas de notícias, extração de dados do X (antigo Twitter) e denúncias de parceiros, veículos noticiosos e de profissionais da comunicação. A fim de entender os contextos de cada episódio e também identificar tendências gerais, cada caso de violência é registrado em uma planilha com variáveis quantitativas que categorizam: informações sobre a(s) vítima(s), meio de comunicação em que trabalham, tipo de cobertura jornalística que ensejou o ataque, informações sobre o(s) agressor(es), sobre o(s) tipo(s) de agressão, aprofundamento nos casos de agressões no meio digital e análise dos componentes de gênero identificados no ataque.

Esse sistema de análise define a violência de gênero a partir de seis indicadores principais: assédio e violência sexual, ameaça de estupro, divulgação ou manipulação de imagens, ataque à reputação e à moral, além de outras situações que podem compreender violência física e diferentes formas de constrangimento ou censura.

Ataques em meios digitais e classificação de agressores

O projeto dedica especial atenção aos ataques ocorridos no meio digital, tendo em vista que a maior parte das ocorrências registradas pelo Monitoramento de Ataques a Jornalistas, relativas ao ano de 2020, vitimou mulheres.

Os ataques cibernéticos  envolvem desde o hackeamento até negação de serviços e o chamado doxxing – divulgação de dados pessoais. Ao analisar esses casos, o projeto também registra, dentro do possível, informações sobre as plataformas que serviram de palco para os episódios de violência. 

A seção de violência on-line do monitoramento acompanha perfis no X/Twitter de figuras políticas relevantes para o cenário nacional que já têm histórico de ataques à liberdade de imprensa. Com esses e com demais dados coletados, é possível identificar o papel que atores políticos assumem na dinâmica de hostilização de jornalistas e profissionais de imprensa. Na pesquisa, os agressores são classificados como: estatais, paraestatais, não estatais, grupos às margens da lei e não identificados.

Relatórios e parcerias

Em 2021, o projeto publicou seu primeiro relatório com apoio do Global Media Defence Fund da UNESCO. O documento incluiu um panorama da violência contra mulheres jornalistas e ataques de gênero a comunicadoras(es) no Brasil naquele ano.

O relatório também foi publicado em inglês e espanhol.

 Nos anos seguintes, o projeto foi incluído nos relatórios do monitoramento geral de ataques a jornalistas. As edições de 2022 e 2023.1 contam com seções específicas para violência de gênero.

Episódios de violência de gênero contra pessoas trabalhadoras da imprensa podem ser denunciados à Abraji. Há um formulário para denúncias e o e-mail de contato do projeto é: [email protected]. Os casos são apurados pela equipe Abraji e tanto as vítimas quanto os denunciantes são mantidos em sigilo.