• 12.12
  • 2012
  • 16:46
  • Karin Salomao

Comemoração de 10 anos da Abraji relembra sua trajetória

Dezenas de alunos, professores e jornalistas, além de diretores e ex-presidentes da Abraji estiveram na comemoração de uma década de criação da associação. A cronologia da Abraji foi reconstruída aos poucos pelos diretores presentes, que relembraram os aspectos importantes da sua história, como a criação do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas e a realização de treinamentos de segurança.

Marcelo Moreira, atual presidente, relembrou o que motivou a criação da Abraji: a morte do jornalista Tim Lopes, em junho de 2002. Apesar de aquele ter sido um momento triste para jornalistas, Moreira afirma que hoje vive um momento feliz, o aniversário da associação

 

Segurança

Moreira era chefe de Tim Lopes antes deste ser assassinado e destacou também a importância dos treinamentos de segurança para jornalistas realizados pela Abraji. O jornalista também lembrou o sequestro de Guilherme Portanova, repórter da TV Globo, em 2006. Assim, começaram diversos treinamentos na área, “que pudessem fazer com que o repórter pudesse voltar à redação e não ficar no meio da matéria”, diz Moreira.

Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para Jornalismo nas Américas e um dos padrinhos da Abraji, diz que ainda há muito caminho pela frente: "o Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo e acho que os jornalistas não têm noção disso". Um dos obstáculos para a conscientização da importância de treinamentos de segurança nas redações era “achar que o jornalista não precisava disso porque o país não estava em guerra”. O professor comenta que “a história da Abraji está diretamente ligada à história do Centro Knight” e que as duas associações se apoiam mutuamente. 

Rosental também prestou homenagem ao fotógrafo da Revista Época, Luiz Antônio da Costa, que cobriu a formação da Abraji na ECA e foi assassinado alguns meses depois, durante uma cobertura.

 

Espírito de colaboração

Marcelo Beraba recorda que o sentimento que motivou a criação da Abraji começou muito antes, na década de 80. Para ele, o desenvolvimento do jornalismo foi interrompido com o Golpe de 64 e com a repressão e autocensura consequentes. No início da redemocratização, vários jornalistas que viriam a ser diretores da Abraji “já vinham com uma angústia de trazer novas maneiras de enriquecer o jornalismo”, pois “embora fazendo um bom jornalismo, estávamos de fato longe de fazer um jornalismo de qualidade”, diz ele. Fernando Rodrigues, também diretor, completa: "havia uma demanda para esse tipo de associação, de encontros entre jornalistas". 

Angelina Nunes, atual diretora e ex-presidente, avalia que a principal característica da Abraji é a troca. Seja durante os congressos, seminários ou na lista de e-mails dos associados, estudantes e jornalistas trocam fontes, recomendam reportagens e comentam como conseguiram chegar a um bom resultado. Além disso, Angelina citou os treinamentos: até hoje, foram treinados mais de cinco mil jornalistas. Ela acredita que o resultado do compartilhamento é um “grande ganho em novas técnicas e rigor de apuração”.

 

Acesso a informações

Diretor da Abraji e diretor responsável do Fórum de Acesso a Informações Públicas, Fernando Rodrigues comenta o fórum e conta que a associação já nasceu com a defesa de acesso a informações públicas em seu estatuto. Em maio de 2012, o decreto de regulamentação da Lei de Acesso foi assinado por Dilma. Para ele, a legislação é uma “ferramenta insubstituível não só para jornalistas, mas também cidadãos que querem participar da vida pública”. 

Rosental completa, contando que, no início da discussão sobre o acesso a informações em 2003, o maior desafio era o total desconhecimento do assunto: "grandes poderes da República não conseguiram entender o que era o acesso a informações públicas e que ele estava na Constituição". 

 

Modelo e orgulho

Para Rosental, "o que a Abraji representa é um movimento global de valorização do jornalismo investigativo”; ele cita a criação de outras associações semelhantes na América Latina que seguiram o modelo da Abraji. Para o professor, “a Abraji é o máximo. Tim estaria orgulhoso de nós”.

Assinatura Abraji