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Profissionais de comunicação resistem a fazer cursos de segurança pessoal

Publicado em 10 de dezembro de 2012, em Comunique-se.

 

Nathália Carvalho

Há 21 dias para acabar o ano, pelo menos 119 jornalistas já foram mortos no mundo. No Brasil, segundo o Instituto Internacional de Imprensa (sigla em inglês IPI), quatro perderam a vida no exercício da profissão. Fato é que, no país presidido por Dilma Rousseff, ainda existe muita resistência da parte dos profissionais para fazer cursos de segurança. "Eles não pensam que precisam se defender e acham que esse tipo de treinamento só é para quem vive em países que têm conflitos", explica Rosental Calmon Alves, da Universidade do Texas (EUA). O assunto foi debatido durante o seminário de comemoração de 10 anos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que aconteceu em São Paulo nesta segunda-feira, 10.

É unânime entre os jornalistas que participaram da roda de debates a opinião de que a morte de Tim Lopes foi um divisor de águas no país e o grande incentivador para que a Abraji nascesse e ganhasse força, principalmente no campo da segurança do profissional. Rosental lembra que ainda há poucas pessoas que conhecem as medidas de defesa durante o trabalho e que nos próximos anos a ideia é ampliar este número. "Os jornalistas que sabem [se defender] precisam repassar essas informações para os colegas dentro das redações", disse. 

Editor-chefe do RJTV - 2ª Edição, Marcelo Moreira, que já foi chefe de Tim Lopes, acredita que a segurança precisa ser bem trabalhada. "Os repórteres que vão para as ruas precisam ser treinados por pessoas especializadas como, por exemplo, militares, que podem contribuir com orientações de segurança básica", explica. No mesmo painel, Marcelo Beraba, editor do Grupo Estado no Rio de Janeiro, contou que antes da morte de Tim ninguém enxergava perigo para quem cobria a editoria de policial. "Neste momento nós passamos a pensar sobre o assunto, que precisa de total atenção". 

A reunião que aconteceu nesta segunda-feira, além de marcar os 10 anos da associação, discutiu o jornalismo investigativo na América Latina e fez um balanço da atuação da Abraji no país. Integrante da entidade, Angelina Nunes também participou da roda de conversa.

Assinatura Abraji