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Defensores Ambientais
O que é o Defensores Ambientais?
Criado em meados de 2023, o Defensores Ambientais é um projeto que tem o objetivo de promover a democracia ambiental e a proteção dos defensores do meio ambiente no Brasil. O trabalho reúne cinco instituições: a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), a Transparência Internacional – Brasil, o Instituto Centro de Vida (ICV), o Instituto Ethos e a Operação Amazônia Nativa (OPAN). Apoiado financeiramente pela Agence Française de Développement (AFD), o projeto tem um planejamento de ações até fevereiro de 2026.
Entre as ações previstas, estão o apoio a reportagens que deem visibilidade aos impactos positivos e aos desafios enfrentados pelos defensores ambientais no contexto de crimes ambientais e emergências climáticas na região da Amazônia Legal. Neste contexto, a Abraji atua na seleção, mentoria, apoio de segurança em campo e treinamento de jornalistas brasileiros, especialmente os que fazem cobertura na Amazônia.
Um desses treinamentos ocorreu em agosto de 2023, em Belém. A Abraji, em parceria com a Open Climate Initiative/Centre for Investigative Journalism (OCRI/CIJ), fez uma chamada pública que recebeu 90 inscrições de jornalistas de todo o país.
As entidades selecionaram dez jornalistas – cinco que atuavam e moravam em estados da Amazônia Legal e cinco de outras regiões do Brasil. Eles participaram do treinamento em Belém, que teve como foco a produção de reportagens sobre aspectos da mudança climática, investigação jornalística ambiental e a atuação de defensores ambientais nesse contexto.
Dentro das ações, o projeto também prevê a criação de um índice de democracia ambiental, com vistas a avaliar a existência e qualidade de leis, de informações políticas e práticas nos estados da Amazônia Legal; a análise do grau de abertura de bases de dados na região; a conscientização, junto a empresas que atuam na Amazônia, sobre seu papel na promoção dos direitos e na proteção de defensores; e o fomento à ratificação e à implementação do Acordo de Escazú pelo Brasil.
Objetivos específicos do programa e treinamento dos jornalistas
Defensores Ambientais tem cinco objetivos específicos em seu planejamento:
- Produção de conhecimento;
- Capacitação de defensores e defensoras ambientais;
- Oferta de apoio técnico para agentes públicos e privados;
- Ampliação do debate sobre os direitos de acesso e de proteção;
- Fomento ao Acordo de Escazú.
A partir do curso para os dez jornalistas em Belém, a Abraji e o CIJ selecionaram três propostas de reportagens investigativas sobre a crise climática. Foram escolhidos os temas sugeridos pelos jornalistas Rodrigo Pedroso (SP) e Rudja Catrine Silva dos Santos (AP), que atuaram em dupla, além de Carolina Bataier (DF) e Jullie Pereira da Silva (AM).
A primeira das três propostas selecionadas foi publicada no início de fevereiro deste ano: "Calor extremo provoca escassez de mandioca na Terra Indígena Raposa Serra do Sol”, de Jullie Pereira, publicada no Inforamazônia. Além disso, com o mesmo apoio financeiro e técnico do projeto, a jornalista apurou um segundo material: "Garimpo na fronteira entre Brasil e Guiana ameaça indígenas no território Raposa Serra do Sol". Os dois materias mostram como o garimpo no rio Maú, na fronteira entre a Guiana e o Brasil, tem impactado a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
A terceira reportagem, “Projeto Jari de créditos de carbono engana comunidades e invade terras públicas no Pará”, foi publicada no portal De Olho nos Ruralistas e produzida pela jornalista Carolina Bataier (DF). A reportagem mostra como empresas têm usado projetos de créditos de carbono no município de Almeirim, no Pará, sem fazer os repasses financeiros aos moradores da região.
A última, publicada na última semana de fevereiro, foi produzida pelos jornalistas Rodrigo Pedroso (SP) e Rudja Santos (AP), e revela como a crise climática tem impactado no modo de vida, especialmente na qualidade da água, da população que vive no arquipélago de Bailique, no Amapá. Entitulada “Locals at the mouth of the Amazon River get a salty taste of climate change”, foi publicada pela Mongbay.
Antes da ida dos jornalistas a campo foi criado um rigoroso plano de segurança construído sob orientação da Abraji, por meio da orientação da coordenadora do Programa Tim Lopes, Angelina Nunes. As mentoras dos três projetos de reportagem foram as jornalistas especialistas em meio ambiente Karla Mendes, Elisângela Mendonça e Fernanda Wenzel.
Treinamento em Belém
Quanto ao treinamento, foram abordados: técnicas para coleta, entrevista e apresentação de dados para projetos de reportagem ambiental, habilidades e ferramentas para análise de satélites, análise de dados sobre desmatamento no Brasil (Prodes e Deter), ferramentas de dados do uso do solo (MapBiomas), dados sobre emissões de gases de efeito estufa no Brasil (SEEG). Alguns conceitos básicos sobre mudanças do clima também foram estudados, como estratégias de greenwashing e o avanço do conceito ESG, como cobrir casos de emergência climática, aspectos financeiros da mudança climática, riscos da mudança climática para populações locais, técnicas de segurança digital e física, informações sobre defensores ambientais que estudam a mudança climática e a emergência climática, e os desafios de segurança, estruturais ou legais que essas pessoas enfrentam.
O curso foi ministrado por cinco instrutores com experiência na cobertura do tema e especialistas na área ambiental: Sineia do Vale, coordenadora Nacional do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC); Wérica Lima, repórter da Amazônia Real; Carolina Dantas, editora do PlenaMata e da InfoAmazonia; Edriano Souza, analista de Pesquisa no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM); Fernanda Wenzel, repórter investigativa especializada em meio ambiente e Amazônia.
Outras atuações da Abraji por meio do Defensores Ambientais
Além da realização do curso em Belém e do apoio financeiro e técnico para as três reportagens ambientais, fizeram parte do projeto a organização de ao menos 12 mesas sobre meio ambiente no 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, realizado em julho de 2023. Além disso, ocorreu a seleção de 10 jornalistas que receberam bolsa para ir até o congresso.