- 06.09
- 2017
- 15:08
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Liberdade de expressão
Prefeitura de São Paulo contesta nota da Abraji
A Prefeitura de São Paulo enviou nota em resposta ao texto "Prefeito de São Paulo volta a atacar a imprensa", assinado pela diretoria da Abraji e publicado em 5.set.2017. A nota da prefeitura segue reproduzida abaixo, na íntegra. A diretoria da Abraji destaca, no entanto, que a Secretaria de Comunicação, ao tergiversar, não aborda o principal: os ataques do prefeito a profissionais e a veículos de comunicação.
Em respeito à veracidade dos fatos, a Prefeitura de São Paulo vem a público para corrigir equívocos de nota publicada nesta quarta-feira (6 de setembro) pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) acerca de críticas feitas pelo prefeito João Doria a reportagens publicadas com erros.
Em primeiro lugar, antes de entrar no mérito da nota, é preciso frisar que o prefeito considera o trabalho da imprensa essencial para a democracia e para o aperfeiçoamento de políticas públicas. Neste diapasão, sabe que a crítica, quando procedente e justa, colabora para a correção de eventuais falhas – seja ela jornalística ou feita por qualquer cidadão. Como defensor da liberdade de expressão, acredita que, como autoridade pública e como indivíduo, também possui o direito de reagir à crítica quando é injusta e improcedente – afinal, jornalistas e veículos também erram e corrigir estes erros colabora para o aperfeiçoamento do debate público e a prevalência da verdade.
Partindo desta premissa, é o caso de corrigir equívocos de veículos de imprensa criticados pelo prefeito e reproduzidos na nota da Abraji com o respeitável objetivo, reconheça-se, de defender o jornalismo.
Aos fatos. Segue uma lista de tópicos que ajudam a entender os erros cometidos pelos veículos de comunicação que foram rebatidos pelo prefeito João Doria.
1. Em junho, a reportagem sobre a distribuição de remédios doados pela indústria farmacêutica afirmava que os medicamentos distribuídos estavam “para vencer a qualquer momento”, sem jamais informar que a quantidade dispensada aos pacientes era tal que permitia seu consumo antes do prazo de vencimento. A reportagem afirmava ainda que as empresas teriam sido beneficiadas por que “deixaram de pagar impostos” no valor de R$ 66 milhões. As empresas não deixaram de pagar impostos, uma vez que elas destruiriam esses medicamentos. A isenção lhes foi concedida para que PUDESSEM DOAR os medicamentos sem que FOSSEM OBRIGADAS a pagar imposto mesmo fazendo a doação. Não se tratou, portanto, de um benefício, como reportou a CBN na reportagem citada pela nota da Abraji.
2. Em 7 de julho, a reportagem da Folha de S.Paulo sobre as doações recebidas pela Prefeitura de São Paulo continha erros graves, que não permitiam sustentar o que afirma o título: “Doações empacam". Conforme observado pelo prefeito no vídeo mencionado pela CBN e citado na nota da Abraji, um grande volume de doações necessita de tempo para processamento. Um exemplo, indicado pela Secretaria de Comunicação à Folha – no caso, uma doação de R$ 300 milhões em equipamentos da Cisco – necessitava de uma série de passos burocráticos para ser desembaraçada e não seria entregue de uma única vez. Uma outra, de alimentos, obviamente também não poderia ser entregue num único lote por se tratarem de produtos perecíveis. A reportagem ainda errou no processo de apuração por ter buscado no Brasil fontes desinformadas sobre os compromissos assumidos por representantes do escritório central de empresas multinacionais.
3. Alvo da maior polêmica mencionada na nota da Abraji, a reportagem da CBN sobre o episódio com pessoas em situação de rua na Praça da Sé gerou uma onda de desinformação, como indica o vídeo do prefeito ao mostrar os títulos de diversos veículos de comunicação que reproduziram o título dado pela emissora na versão web: “Moradores de rua são acordados com jatos de água fria”. A apresentadora do CBN São Paulo, Fabiola Cidral, talvez influenciada pelo título da internet, afirmou textualmente que os moradores de rua foram "acordados com jatos d'água da prefeitura”. A prefeitura e o próprio prefeito admitiram que pertences foram molhados nesta ação de zeladoria, tanto que houve naquele mesmo dia a distribuição de novos cobertores àquelas pessoas. Não houve, contudo, o direcionamento de jatos de água contra as pessoas, à diferença do que afirmou a CBN.
4. Em relação à reação do prefeito aos questionamentos do repórter Pedro Duran, cabe considerar que a CBN, em nova reportagem, tentou desqualificar um vídeo no qual o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak – reagindo ao clima acusatório da internet, provocado pela matéria original da emissora – afirmou que imagens de câmeras mostravam não ter havido nada de anormal na ação de zeladoria ocorrida na Praça da Sé. Nesta nova reportagem, a emissora inverteu a lógica: a ausência de imagens de moradores de rua impediria que se afirmasse que o relatado não ocorreu, quando a ausência de imagens, inclusive de imagens que poderiam ser produzidas pela repórter, na verdade, impedem que a CBN afirme que moradores de rua foram acordados com jatos de água. Em outros termos, a emissora e quem embarcou na versão inverteu a figura do ônus da prova.
5. Por fim, cabe ressaltar que a Prefeitura de São Paulo e o próprio prefeito jamais se furtam a responder os questionamentos da imprensa. Nada fica sem resposta. Todas as informações são fornecidas. Apenas como exemplo, o prefeito regional da Sé passou duas horas nos estúdios da CBN, falando com três jornalistas. Todas as demandas da emissora foram prontamente atendidas pela Secretaria de Comunicação, que, desde o começo desta gestão, tem praticado o compromisso de manter com a imprensa um relação transparente, inclusive intervindo em outras secretarias quando necessário para garantir acesso da imprensa a informações sobre atos e políticas públicas.
Postos tais fatos e esclarecimentos, solicitamos que esta nota seja publicada no site da Abraji, em nome da boa informação jornalística.
ASSESSORIA DE IMPRENSA – SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO
3113-8835