- 14.12
- 2018
- 12:27
- Rafael Oliveira
Liberdade de expressão
Mais de 250 jornalistas estão presos em todo o mundo, diz CPJ
Um relatório divulgado na última quinta-feira (13.dez.2018) pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) mostrou que, pelo terceiro ano consecutivo, o número de jornalistas encarcerados por conta de seu trabalho ultrapassa 250. O relatório é publicado desde 1990 e o número de profissionais presos em 2018, 251, é semelhante às marcas de 2017 (262, o recorde histórico) e 2016 (259).
Turquia (68), China (47) e Egito (25) são os países onde estão mais da metade dos aprisionados em todo o mundo pelo terceiro ano consecutivo. A Arábia Saudita, em evidência após o assassinato do jornalista e colunista crítico ao regime saudita Jamal Khasoggi, também encontra-se entre os destaques negativos, com ao menos 16 profissionais presos. A Eritreia, também com 16 jornalistas atrás das grades, completa o top 5 do relatório.
A revista americana TIME escolheu recentemente jornalistas como “Pessoa do Ano” de 2018. Além de Khasoggi, os jornalistas Wa Lone e Kyan Soe Oo, presos em Mianmar, estão entre os homenageados. Os correspondentes da agência Reuters foram condenados a sete anos de prisão, acusados de violar a Lei de Segredos Oficiais, durante a investigação de um massacre de muçulmanos rohingyas.
Na América Latina, a Venezuela de Nicolás Maduro encabeça o ranking, com três jornalistas encarcerados. O Brasil também aparece no relatório, por conta da prisão por difamação do jornalista esportivo Paulo Cezar de Andrade Prado, responsável pelo Blog do Paulinho.
A maioria dos detidos (70%) está enfrentando acusações de agir contra o Estado, como pertencer ou ajudar grupos considerados terroristas pelas autoridades. Um dos destaques do relatório é o número de presos acusados de difundir “notícias falsas”, que subiu de nove em 2016 para 28 no último levantamento. Para o CPJ, o aumento coincide com uma retórica global crescente sobre "notícias falsas", da qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a principal voz.
Do total de encarcerados, 33 (cerca de 13% do total) são do sexo feminino, número superior ao registrado em 2017, quando as jornalistas presas representavam 8%. Profissionais freelancers representam 30% do total de presos, número semelhante ao encontrado em anos anteriores.
A lista considera os que estavam encarcerados às 12h01 de 1.dez.2018, não incluindo os jornalistas presos e libertados ao longo do ano. O censo inclui somente os profissionais encarcerados sob custódia do governo e não contabiliza os desaparecidos ou mantidos em cativeiro por atores não estatais.
O CPJ define como jornalistas as pessoas que cobrem as notícias ou comentam assuntos de interesse público em qualquer mídia, incluindo impressos, fotografias, rádio, televisão e on-line. Somente os casos em que a organização pôde confirmar relação entre a prisão e o exercício da atividade profissional são considerados.