Elvira Lobato e Leticia Kleim conversam sobre assédio judicial contra jornalistas
  • 27.04
  • 2022
  • 19:00
  • Abraji

Liberdade de expressão

Elvira Lobato e Leticia Kleim conversam sobre assédio judicial contra jornalistas

A jornalista Elvira Lobato foi vítima de assédio judicial em 2008, ao publicar uma reportagem em que revelava os negócios de uma rede de empresas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus. Foram 111 ações judiciais realizadas por fiéis e pastores que exigiam sua presença em audiências por todo o país (às vezes, marcadas nos mesmos dias e horários). 

Elvira conta que era impossível para ela estar em todos os lugares para se defender. “Tinha dia que eu tinha audiência no Acre, no outro dia eu tinha audiência no Mato Grosso, no outro no Rio Grande do Sul. Foi uma avalanche. Ficou como uma lição que infelizmente muitos aprenderam a usar contra jornalistas”, afirma ela. 

É sobre esse assédio judicial que Elvira fala no segundo episódio do quadro Conteúdo sem fronteiras, que faz parte do podcast Jornalismo sem trégua, do Programa Tim Lopes, da Abraji. A outra convidada do episódio é a assistente jurídica da Abraji, Leticia Kleim, que vai falar dos casos de assédio judicial contra jornalistas no Brasil e do monitoramento desses casos. A conversa tem mediação da coordenadora do programa, Angelina Nunes.

Letícia Kleim afirma que é preocupante, por exemplo, um caso de um jornalista freelancer ou de um veículo pequeno, de uma cidade distante da capital, que venha a sofrer assédio judicial. Ao comparar com o episódio com Elvira Lobato, a advogada considera que, em um caso como esse, as dificuldades podem se multiplicar por “infinitas vezes”. Segundo ela, esse tipo de ação “é feito para restringir a liberdade de imprensa e tirar de circulação as publicações daquele jornalista”. 

As entrevistadas

Elvira Lobato trabalhou na Folha de S.Paulo durante mais de vinte anos. É especializada em cobertura de tecnologia e telecomunicações e escreveu o livro Instinto de Repórter, em que conta os bastidores de reportagens que marcaram o jornalismo investigativo no Brasil. 

A advogada Leticia Kleim coordena o Programa de Proteção Legal para Jornalistas da Abraji e auxilia projetos da instituição envolvendo dados do judiciário, como o Ctrl-X. Ela formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e atualmente cursa graduação em Geografia na mesma universidade. 

Por causa da pandemia, esse episódio foi realizado completamente de forma remota. As entrevistas foram feitas por chamadas de vídeo, por Zoom. 

"Conteúdo sem fronteiras" está disponível no Spotify e em todos os aplicativos que reproduzem podcast, incluindo o perfil da Abraji no YouTube

Primeiro Episódio | Edu Carvalho e Enderson Araújo

No episódio de estreia do quadro Conteúdo sem fronteiras, os convidados abordaram as dificuldades de produzir conteúdo nas comunidades, a construção de novos veículos, a disseminação do conteúdo produzido e o uso de plataformas, além de questões de segurança. As diferenças entre produzir conteúdo dentro e fora das comunidades também foram tratadas no bate-papo. 

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Também não deixe de conferir as três temporadas  do quadro Jornalismo Sem Trégua.

Primeira Temporada | Caso Tim Lopes

Em sua primeira temporada, Jornalismo Sem Trégua tratou da execução do jornalista Tim Lopes, em 2.jun.2002, na Favela da Grota, no Rio de Janeiro. O jornalista, na época com 51 anos, foi torturado e executado por traficantes. Ele foi surpreendido quando realizava uma reportagem no Complexo do Alemão. Os episódios relatam as investigações policiais, a caçada de 109 dias ao mandante do assassinato, o traficante Elias Maluco, e o julgamento dos acusados. Essa temporada mostra as mudanças da imprensa na cobertura policial e no uso de equipamentos de segurança. Trata também da criação da Abraji.

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Segunda Temporada | Caso Jefferson Pureza

Na segunda temporada, foi abordado o caso do radialista Jefferson Pureza, de 39 anos, que foi morto na noite de 17.jan.2018, com três tiros no rosto, quando descansava na varanda de sua casa. O crime ocorreu em Edealina, no interior de Goiás. Segundo investigações policiais, o crime teria custado R$ 5 mil e um revólver calibre 38. Os episódios mostram detalhes das investigações e o polêmico julgamento que absolveu o vereador acusado de ser o mandante do crime. Esta temporada do podcast fala também sobre os desertos de notícias no país.

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Terceira temporada | Caso Jairo de Sousa

A terceira temporada apresenta o caso do radialista Jairo de Sousa, que foi morto em Bragança (PA) ao subir a escadaria de acesso à Rádio Pérola FM, onde trabalhava. O assassinato está relacionado ao trabalho do jornalista, que fazia sérias críticas a políticos da região bragantina acerca de supostos desvios de verbas públicas. O crime aconteceu em 21.jun.2018, quando Jairo chegava ao trabalho para apresentar seu programa “Show da Pérola”, que iria ao ar das 5h às 9h. Segundo as investigações policiais, o crime foi encomendado a um grupo de extermínio com dez integrantes e teria custado R$30 mil. Um vereador foi acusado de ser o mandante. 

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O Programa Tim Lopes é realizado pela Abraji com financiamento da Open Society Foundations. O nome do programa é uma homenagem ao repórter Tim Lopes, assassinado em 2002, no Rio de Janeiro. A coordenação é da jornalista Angelina Nunes.

Assinatura Abraji