- 10.07
- 2023
- 15:00
- Maria Esperidião e Paula Neiva
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Congresso da Abraji se consolida como um dos maiores eventos de jornalismo das Américas
Foto: Wesley Lowery, vencedor do Pulitzer, é sabatinado por Flavia Lima, editora de Diversidade da Folha. Crédito: Marco Pinto/Abraji
O 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que terminou no dia 02.jul.2023, é a maior edição presencial, promovida exclusivamente pela Abraji*, da história da organização. Além do recorde de 1500 pessoas participando em quatro dias do evento, incluindo de forma remota, o encontro se consolidou como um dos mais importantes das Américas, se inserindo no patamar de conferências que atraem milhares de profissionais, como o Texas Tribune Festival, IRE, Colpin, ISOJ, Nicar, Gabo, Festival 3i, entre outras. Números obtidos na base de dados da Abraji revelam também que o Congresso deste ano foi o mais inclusivo em relação a moderadores e palestrantes.
O primeiro indicador do sucesso do Congresso veio uma semana antes de o evento começar, com ingressos esgotados para a modalidade presencial, realizada na ESPM, na Vila Mariana, em São Paulo. O sinal se confirmou no balanço parcial realizado até esta segunda-feira (10.jul.2023). Considerando apenas quem se inscreveu no modelo presencial, o salto foi expressivo em comparação com o ano passado. Em 2018, foram 872 pessoas. Em 2019, 1318. Em 2022, o número baixou para 920. E, agora em 2023, a participação presencial retoma a tendência apresentada em 2019, como mostra o gráfico abaixo:
A Abraji criou uma metodologia própria, a partir de orientações que recebeu de suas consultorias de diversidade. Cada pessoa inscrita na plataforma, sendo ela convidada, pagante, palestrante ou da equipe de apoio, precisava se identificar em um formulário.
Com exceção dos palestrantes, que se inscreveram por um outro formulário, foram 899 fichas cadastrais de participantes presenciais, incluindo equipes de apoio dos estandes, alguns fornecedores, patrocinadores e seus convidados, voluntários, redação laboratorial e demais times envolvidos na organização. Uma parte dos participantes se credenciou diretamente na ESPM, instituição de ensino parceira deste ano, e não consta nos dados a seguir.
As mulheres cisgêneras estiveram mais presentes (62,7%), seguidas de homens cisgêneros (34,3%).
Em 2023, o percentual de não brancos se manteve no patamar de 30% dos últimos três anos. Desde 2020, a Abraji passou a coletar e analisar sistematicamente os dados de raça dos participantes. O percentual de não brancos inclui pessoas pretas, pardas, amarelas, indígenas e que selecionaram a opção “outra [raça/etnia]”. Como as metodologias de rastreamento de dados mudaram, não é possível obter o dado de anos anteriores.
A organização avalia que um dos grandes desafios deste ano foi impedir que o percentual de pessoas não brancas caísse em comparação com as últimas três edições, que foram realizadas de forma gratuita e remota.
“Ainda temos muito a fazer para que a representatividade do Congresso espelhe a sociedade brasileira. Mas foi um avanço. Além de ampliar a representatividade no Congresso, temos buscado espelhar essa diversidade nos temas discutidos”, afirma a presidente da Abraji, Katia Brembatti.
Uma das iniciativas para garantir a representatividade partiu de parcerias feitas com patrocinados para trazer ao evento 28 profissionais de imprensa de todo o país. A ideia considerou questões de regionalidade, gênero, raça e mesmo a situação de profissionais que, no decorrer de 2022, tiveram seu trabalho ameaçado e, com o congresso, puderam não só acompanhar os debates como interagir com colegas de diversas regiões do país.
Pelo programa Defensores Ambientais, tiveram as despesas pagas dez jornalistas da Amazônia Legal, com financiamento da Agence Française de Développement (AFD) e da Azul. A Embaixada e Consulados dos Estados Unidos patrocinaram a viagem de 15 profissionais, não só da Amazônia, mas de todas as regiões do país. Outros três jornalistas tiveram bolsas custeadas pelo The Trust Project. Entre esses convidados, alguns foram chamados a apresentar seu trabalho nas mesas de discussão.
Perfil
Dos 899 participantes que responderam à pesquisa da Abraji, 443 (49%) atuam como profissional de Jornalismo/Comunicação Social e 342 (38%) como estudantes da área.
Este ano, a Abraji passou a mapear pesquisadores e professores de Jornalismo/Comunicação Social e de outras áreas, para ampliar nos próximos anos a participação desse grupo no evento, que tem presença garantida nas sessões do Seminário de Pesquisa.
“Com o seminário, buscamos jogar luz sobre o trabalho acadêmico e a pesquisa que são desenvolvidos nas universidades brasileiras, apontando para avanços e tendências sobre jornalismo investigativo”, destaca Katia.
Conteúdo
Foram contabilizadas 107 atividades, sem contar o lançamento de livros e conteúdos produzidos por patrocinadores, tanto na plataforma on-line quanto nos estandes instalados na ESPM. Se fossem consideradas as segundas partes das atividades que duraram mais de 1h30min, seriam 116 sessões no total.
Como é tradição, o tema mais abordado da programação passou por jornalismo de dados e técnicas de investigação, seguido por Jornalismo colaborativo e investigativo, Cobertura especializada, Diversidade, equidade e inclusão.
Mais de 120 cidades de todas as regiões do país e de diferentes partes do mundo estiveram representadas. A predominância, no entanto, ainda é do Sudeste, que concentra o maior ecossistema midiático do país.
Os 16 painelistas estrangeiros convidados de 2023 são dos Estados Unidos, México, Colômbia, El Salvador, Uruguai, Nigéria, Peru, França, Reino Unido e Rússia.
O número total de painelistas mais que dobrou nos últimos cinco anos:
Ao menos 190 organizações estiveram representadas no Congresso, incluindo instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, veículos de comunicação de diversos tamanhos, segmentos e nichos, além de fundações. Em 2022, no primeiro evento após a pandemia, tínhamos 144.
Em 2023, mulheres cisgêneras foram maioria no evento, representando 49,1% do total.
Quanto às questões de raça e etnia, em 2019, última versão totalmente presencial, 11% dos palestrantes eram não brancos. Em 2022, no formato misto, esse percentual subiu para 24% e, em 2023, saltou para 32%.
Cobertura jornalística e homenagem a Caco Barcellos
A cobertura oficial do Congresso foi feita pela Redação Laboratório do Projeto Repórter do Futuro, da Oboré. Neste link, você terá acesso às reportagens sobre grande parte das mesas de debates e treinamentos, além da matéria sobre o grande homenageado desta edição, o jornalista Caco Barcellos.
Vale destacar que, na cerimônia de homenagem, foi apresentado, em primeira mão, um documentário sobre o criador do Profissão Repórter, da TV Globo. O documentário ainda não foi lançado oficialmente e, por isso, não está disponível on-line.
Este ano, o Congresso foi híbrido, com metade de sua programação com transmissão ao vivo. Os vídeos estão armazenados na plataforma do evento para que tanto os inscritos on-line como os participantes da versão presencial – incluindo palestrantes –, que ocorreu no campus da ESPM, possam acessar o conteúdo. Até agora, 290 pessoas se inscreveram para a modalidade on-line do Congresso, e, como o conteúdo digital ficará disponível até o dia 2.ago.2023, as inscrições para o on-line continuam abertas aqui.
Certificados
Os certificados de participação serão emitidos após o dia 2 de agosto, quando se encerra o prazo para assistir (ou rever) os vídeos da modalidade online do Congresso. Quem ainda não viu ou não se inscreveu, tem até essa data para ver 50% da programação do evento disponibilizada de forma remota.
Todos que compareceram ao evento presencial ou assistirem a, no mínimo, 70% do evento online receberão certificados, a serem disponibilizados no site.
Equipe Abraji reunida no auditório da ESPM, após o último evento do dia. Crédito: Marco Pinto/Abraji
Patrocínio
O 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e do curso de Jornalismo da ESPM.
O evento é patrocinado por Google, Meta, Luminate, Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, Grupo Globo, TikTok, Agence Française de Développement (AFD), Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SBIBAE), Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, McDonald's, Alma Preta, Cenarium, Folha de S.Paulo, Knight Center for Journalism in Americas, Lupa, Meio, Open Climate Reporting Initiative/Centre for Investigative Journalism (OCRI/CIJ), Poder 360, Redes Cordiais, SBT News e Trust Project.
Apoiam institucionalmente Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Dart Center for Journalism and Trauma (Projeto da Escola de Jornalismo da Universidade Colúmbia), Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Instituto Palavra Aberta, Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), Media Talks, Oboré, Portal Imprensa, Reuters Institute for the Study of Journalism (Universidade de Oxford), Textual Comunicação, Transparência Internacional - Brasil e UNESCO. O apoio de mídia é da CBN, GloboNews, Grupo RBS e revista piauí.
*Em 2013, no Rio de Janeiro, foram realizados dois eventos internacionais simultâneos durante o Congresso da Abraji. Informações aqui.