Abraji anuncia nove convidados internacionais para 18º Congresso
  • 17.04
  • 2023
  • 17:00
  • Abraji

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Abraji anuncia nove convidados internacionais para 18º Congresso

O impacto da inteligência artificial no jornalismo, projetos que investigam racismo nas forças policiais e no sistema judiciário, o jornalismo russo no exílio, consórcios colaborativos na África, iniciativas internacionais que apoiam informantes que denunciam abusos dos direitos humanos e má conduta de grandes corporações, e o crescimento de veículos sem fins lucrativos nos Estados Unidos e na América Latina.

Esses são alguns dos temas a serem abordados por nove profissionais estrangeiros confirmados no Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, o maior evento de jornalismo do país. A 18ª edição será na ESPM, em São Paulo, de 29 de junho a 2 de julho (quinta-feira a domingo), de maneira híbrida, com transmissão simultânea on-line de parte do conteúdo e participação remota de alguns palestrantes.

Wesley Lowery, um dos mais atuantes repórteres investigativos dos Estados Unidos, que passou pelos jornais Washington Post e Boston Globe, e pela equipe do programa “60 Minutes”, da rede CBS, vem ao Brasil pela primeira vez para falar sobre sua especialidade: os crimes contra a população negra. Em 2016, ele venceu o Prêmio Pulitzer, um dos mais importantes do jornalismo mundial, com o projeto que levantou estatísticas de mortes de norte-americanos por policiais. Lowery cobriu todas os protestos organizados pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e chegou a ser preso em 2014, em Ferguson, no Estado de Missouri, enquanto acompanhava as manifestações contra a morte do jovem negro Michael Brown. É editor, colunista e autor do best-seller “They Can’t Kill Us All”, ainda sem tradução no Brasil. Atualmente, é bolsista da Craig Newmark Graduate School of Journalism, em Nova York.

Na mesma linha de revelar desigualdades por meio de levantamento de dados inéditos, o Congresso incluiu entre as palestrantes a cientista Ilica Mahajan, do Marshall Project, organização jornalística sem fins lucrativos, com foco em assuntos relacionados à justiça criminal nos Estados Unidos. Recentemente, trabalhou no projeto “Testify”, que analisou dezenas de milhares de arquivos de tribunais de Ohio para descobrir por que 75% dos presos condenados na região são pretos e pardos.

Dorothy Tucker, repórter investigativa da afiliada da CBS em Chicago, é outra convidada norte-americana confirmada. Repórter premiada com vários Emmy e prêmios nos Estados Unidos, inclusive com a cobertura dos ataques de um atirador à universidade Northern Illinois, em 2008, ela preside a Associação Nacional dos Jornalistas Negros.

Para falar sobre como os jornalistas russos independentes trabalham no exílio, a Abraji convidou Roman Badanin, fundador da Agentstvo, agência colaborativa criada em 2021, que reúne repórteres alvos de repressão e perseguição por parte do governo Putin. Ele migrou para Stanford, na Califórnia, depois que o Proekt, site criado por ele para fazer reportagens independentes, foi classificado pela Procuradoria-Geral russa como "indesejável". Na prática, seus freelancers e fontes poderiam ser processados criminalmente. Antes de deixar Moscou, liderou uma grande apuração que mostrava conexões entre autoridades russas e empresários em transações obscuras. Teve a casa invadida por policiais e articulou a saída de sua equipe para países vizinhos.

Um dos primeiros apoiadores da Abraji, Rosental Calmon Alves é outro palestrante confirmado. Professor titular da cátedra Knight de Jornalismo e diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, na Faculdade de Jornalismo da Universidade do Texas, em Austin (EUA), ele é pioneiro do jornalismo online: dirigiu em 1995 o lançamento do primeiro veículo brasileiro na internet, o Jornal do Brasil. É também membro-fundador do American Journalism Project, um fundo de mais de 100 milhões de dólares que investe em startups de jornalismo local nos EUA para ajudá-las a se tornar economicamente sustentáveis.

As ameaças e outros impactos da Inteligência Artificial no jornalismo também serão discutidos por palestrantes estrangeiros que atuam em universidades de prestígio. Jonathan Soma, programador norte-americano que desenvolveu grandes projetos na área de jornalismo de dados e trabalhou para a ProPublica e diversos jornais como New York Times, ensina na Universidade Columbia, em Nova York. Tshepo Tshabalala gerencia um grupo de pesquisa e treinamento da Polis, um think-tank internacional ancorado na London School of Economics and Political Science, na Inglaterra, e tem passagens por diversos veículos na África.

A primeira nigeriana a ser convidada para o Congresso da Abraji é Motunrayo Alaka, uma das mais conhecidas defensoras do jornalismo colaborativo e independente em seu país. Ela fundou o Wole Soyinka Centre for Investigative Journalism, que reúne 1.050 repórteres em 100 organizações midiáticas diferentes e já publicou 210 matérias especiais sobre educação de meninas, saúde, exploração de gás e petróleo, política e governança. Defende o jornalismo ético e sustentável, que luta por boa governança, inclusão e justiça social.

A francesa Delphine Halgand-Mishra participará do Congresso de forma remota para compartilhar suas experiências na Signals Network, que advoga por transparência pública e apoia jornalistas e informantes que vazam informações de interesse público mantidas sob sigilo. Ex-diretora do Repórteres sem Fronteiras, é especializada em violações às liberdades de expressão e de imprensa e durante anos foi correspondente de economia para jornais franceses, como o Le Monde.

"Os nomes confirmados até agora confirmam o esforço da Abraji em fazer um evento cada vez mais plural e diverso, inclusive em termos regionais, de raça e de gênero. Vários olhares só enriquecem o jornalismo", diz a secretária executiva, Cristina Zahar.

Recorde de sugestões

Com base nas 300 sugestões enviadas – um recorde de propostas vindas do público externo, da diretoria, da equipe e de parceiros, a Abraji está montando a programação do Congresso. Desde sua criação, há 18 anos, o Congresso da Abraji foi pensado como uma conferência colaborativa — feita por e para jornalistas. “Foram ideias muito boas que ainda estamos processando, analisando e distribuindo em 15 eixos, como ameaças à democracia, desinformação, questões ambientais, coberturas especializadas, furos e os eventos ligados aos atos golpistas de 8 de janeiro”, afirma Katia Brembatti, presidente da Abraji.

Tabela de temas e cores que serão usados pelos organizadores do Congresso

Este ano, o homenageado do Congresso é Caco Barcellos. As inscrições para participar do evento serão abertas no fim de abril. Além dos três dias dedicados a diversos temas do jornalismo, a Abraji realiza dois eventos paralelos: o X Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo e o 5º Domingo de Dados.

Serviço

Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji
Local: ESPM - Campus Álvaro Alvim
Rua Doutor Álvaro Alvim, 123 - Vila Mariana - São Paulo
Atenção: Inscrições ainda não foram abertas
Dúvidas gerais sobre o Congresso? Escreva para [email protected]
 

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