Programa Tim Lopes percorre em vídeo o caminho por onde Dom e Bruno foram perseguidos até a morte
  • 22.07
  • 2022
  • 18:00
  • Abraji

Liberdade de expressão

Programa Tim Lopes percorre em vídeo o caminho por onde Dom e Bruno foram perseguidos até a morte

O Programa Tim Lopes, da Abraji, lança nesta sexta-feira (22.jul.2022) um vídeo detalhado sobre o trajeto e os momentos finais da vida do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo. Eles foram perseguidos e mortos enquanto atravessavam o rio em direção a Atalaia do Norte (AM). Acusados e presos pelo duplo assassinato, três homens estão sendo processados peloa Justiça Federal no Amazonas, mas as investigações prosseguem.

A pedido da Abraji, os jornalistas Sérgio Ramalho e Pedro Prado estiveram naquela região amazônica da Terra Indígena (TI) do Vale do Javari, onde os indígenas são confrontados com a pesca e a caça ilegal. Eles apuram as circunstâncias das mortes de Dom e Bruno. Produziram o vídeo com base nas informações dos indígenas, que, mesmo não sendo policiais, foram os principais investigadores do crime, conseguindo chegar até o local onde os corpos foram ocultados.

Começando pelo rio Itacoaí, Jader Marubo, líder indígena e integrante da Funai, leva os jornalistas da Abraji para o suposto ponto onde as vítimas teriam começado a ser perseguidos. O caminho que o barco teria percorrido ao ser literalmente, caçado, ainda deixa marcas pelo matagal. Foram indígenas da etnia Matis que descobriram o local. 

Rio Itacoaí: Vale do Javari - AM

Logo depois, eles param em frente a um igapó. O mesmo trecho que foi relatado pelos suspeitos que foram presos pela Polícia Federal no início de julho como o ponto onde eles admitiram ter atirado contra as vítimas logo após a primeira curva. Uma vez atingido, Bruno Pereira, que estava dirigindo, perdeu o controle e entrou em uma área de vegetação. Foi perto desta região que foram encontradas suas mochilas e objetos pessoais. 

O igarapó onde, sob perseguição a tiros, a embarcação de Bruno e Dom se descontrolou.

Três quilômetros e meio depois, do lado contrário ao igapó e enterrados em uma vala, os corpos do jornalista e do indigenista foram encontrados por indígenas Kanamari. A região foi mapeada por eles; e no vídeo Jader Marubo mostra o local para os jornalistas da Abraji.

O local onde os corpos foram encontrados. 

O Ministério Público Federal denunciou três pessoas pelos assassinatos: Amarildo da Costa, o “Pelado”, Oseney da Costa, o “Dos Santos”, e Jefferson da Silva, o “Pelado da Dinha”. Todos os três são citados no vídeo. Quarta-feira à tarde (20.jul.2022), eles foram transferidos para Manaus, por causa do receio da Polícia Federal com a possibilidade de fuga. Para o Ministério Público, as fotos feitas por Dom Phillips para comprovar a pesca ilegal motivaram o seu assassinato.   

"A Justiça apenas confirmou o que já sabíamos e já havíamos alertado: a tentativa dos criminosos de silenciar a imprensa”, disse Katia Brembatti, vice-presidente da Abraji. "Mas é importante que as investigações prossigam para que seja possível chegar a eventuais mandantes e maiores interessados em cercear a fiscalização e o trabalho jornalístico nessa região da Amazônia”, concluiu. 

O que investigavam Dom Phillips e Bruno Pereira

O indigenista Bruno Pereira estava mapeando as ramificações na prefeitura de Atalaia do Norte do grupo envolvido em atividades ilegais de caça e pesca predatórias na Terra Indígena do Vale do Javari. A revelação foi feita por reportagem do Programa Tim Lopes, da Abraji, que investiga a morte de jornalistas durante o exercício profissional.

Um aliado de Bruno Pereira identificou os supostos elos entre a atividade ilegal e o poder público municipal, mostrou uma segunda reportagem do Programa Tim Lopes. Entre os suspeitos indicados na lista do indigenista figuram os servidores Jânio Souza e Laurimar Alves, conhecido como Caboclo. Ambos foram nomeados para cargos de confiança pelo prefeito Denis Paiva (UB).

De acordo com um dos colaboradores do indigenista, Bruno planejava entregar cópias do relatório com os nomes dos suspeitos e os cargos ocupados na administração municipal ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e a Dom Phillips.

A morte do jornalista britânico foi a quinta incluída no Programa Tim Lopes. Phillips acompanhava o indigenista em uma expedição pelo Vale do Javari, pois estava escrevendo um livro sobre como salvar a Amazônia, em que fazia referência a violações de direitos humanos na região.

Confira o vídeo abaixo: 

 

Assinatura Abraji