• 16.10
  • 2015
  • 13:05
  • -

Vencedores do 37º Prêmio Vladimir Herzog dão aula aberta de jornalismo no próximo dia 20

A fim de contar os caminhos percorridos e as dificuldades para a elaboração dos trabalhos jornalísticos premiados, os vencedores do 37º Prêmio Vladimir Herzog irão se reunir no Tucarena, em São Paulo, para a 4ª Roda de Conversa, na manhã do dia 20 de outubro.

O evento acontece a partir das 9h, com entrada aberta e gratuita, e é voltado especialmente para alunos de graduação e pós-graduação de jornalismo e cursos de comunicação. No mesmo dia, às 20h, será realizada a cerimônia de entrega do Prêmio.

Os vencedores da 37ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos foram anunciados no dia 30 de setembro, em sessão pública na Câmara Municipal de São Paulo. 

 

Veja aqui a lista completa com os vencedores nas oito categorias do prêmio.

 

Realizada desde 2012, a Roda de Conversa é uma produção audiovisual em que cada vencedor do prêmio tem a oportunidade de compartilhar suas experiências pessoais sobre os bastidores de produção dos materiais premiados. Questões como elaboração das pautas, entrevistas, coleta de dados, apuração, pressão de tempo, edição, sigilo de fonte, entre outras, serão trazidas para um público interessado na produção jornalística.

Os coordenadores desta edição serão Paulo Oliveira (A Tarde/Abraji) e Angelina Nunes (Abraji).

“A roda tem se consolidado como uma troca rica de experiências entre profissionais de diversas partes do Brasil que trazem questionamentos e respostas também para processo de produção de material, relacionamento com fontes, elaboração de pautas etc”, afirma Angelina.

A jornalista ainda diz que a roda funciona como espaço de aprendizagem para todos os envolvidos: público, jornalistas vencedores e até mesmo para os coordenadores. “Tivemos um retorno muito interessante sobre isso [aprendizado do público] no ano passado. Pude perceber também que no local (na roda ou depois) os jornalistas procuravam uns aos outros para tirar dúvidas, trocar contatos.”

Angelina está com expectativas boas para a edição de 2015, principalmente porque, a cada ano, descobrem-se novos profissionais, que muitas vezes saem do eixo Rio-São Paulo-Brasília. “Isso é muito rico, são realidades diferentes que são discutidas por profissionais que foram reconhecidos por trabalhos excelentes”, completa.

Cristiane Barbier, vencedora na categoria Revista pela reportagem “Os Filhos do Bolsa Família”, veiculada na Revista Época, diz que o prêmio veio como um acalanto. Apesar de a edição ter vendido muito nas bancas, e de ter recebido elogios pela reportagem, ainda assim, a jornalista foi demitida da Editora Globo. “O prêmio foi super importante para mim, porque eu estava triste com a demissão. Foi um alento descobrir que sou uma boa jornalista. Foi um sentimento muito legal, ser reconhecida em uma hora tão difícil”, afirma.

Sobre as dificuldades da pauta, Cristiane disse que uma das maiores foi chegar até as cidades que visitou. Além disso, conseguir dados atualizados dos Ministérios do Desenvolvimento e do Planejamento, e conversar com a população das regiões visitadas foram desafios a serem enfrentados. 

A jornalista também disse que fazer essa reportagem foi como ver o fechamento de um ciclo porque, ao mesmo tempo que ela confrontava realidades miseráveis, também via pessoas bem de vida em restaurantes caros, como se uma situação explicasse a outra.

Quem também teve que enfrentar uma realidade difícil na hora da reportagem foi Caetano Cury, da Rádio Bandeirantes SP, vencedor da categoria Rádio com “Mães de Fé”. O radiodocumentário conta a história de mães de filhos desaparecidos.

O jornalista disse que teve duas principais dificuldades para confeccionar o áudio: “primeiro, não chorar na hora da entrevista, na frente das mães dessas crianças, e também, por mais que a matéria tenha tempo [o áudio tem duração de cerca de 20 minutos], conseguir selecionar o que é mais importante é bem difícil.”

Na roda de conversa, Caetano acha interessante falar sobre o formato da reportagem, mais longo e completo. “A gente precisa ter tempo para falar sobre o assunto, é bacana que uma matéria tenha 20 minutos, e não dois”, completou.

Angela Bastos, do Diário Catarinense, venceu o prêmio Vladimir Herzog na categoria Internet, por “As Quatro Estações de Iracema e Dirceu.” Um dos diferenciais da reportagem foi o tempo de apuração: a jornalista levou 2 anos e 7 meses. Entre os desafios, além da dedicação necessária devido ao longo tempo,  ngela também apontou problemas inerentes ao jornalismo atual, como redução de equipe, troca de profissionais e dificuldades operacionais.

A jornalista disse que receber o prêmio a emociona muito “pela própria história do cara que dá nome ao prêmio. Ter esse reconhecimento foi muito importante. E a própria comissão organizadora foi muito coerente, porque é um prêmio de direitos humanos, e minha reportagem conta exatamente sobre histórias de família que viviam em condições desumanas.”

 

Serviço

Roda de Conversa com os vencedores do 37º Prêmio Vladimir Herzog
Data: 20 de outubro
Horário: 9h
Local: Tucarena - Rua Monte Alegre, 1024 - Perdizes

Cerimônia de premiação do 37º Prêmio Vladimir Herzog
Data: 20 de outubro
Horário: 20h
Local: TUCA - Rua Monte Alegre, 1024 - Perdizes

Assinatura Abraji