Veja no CruzaGrafos quem são os maiores infratores ambientais do Brasil
  • 26.05
  • 2025
  • 11:17
  • Abraji

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Veja no CruzaGrafos quem são os maiores infratores ambientais do Brasil

O CruzaGrafos, plataforma da Abraji/Brasil.IO, atualizou sua base de dados de Ibama e ICMBio, permitindo identificar quem são as pessoas físicas e jurídicas com mais autuações e embargos ambientais registrados. Por exemplo, o sistema aponta que a Petrobras lidera o ranking de autuações (com 2.923 autos desde 2000, sem contar repetidos - e incluindo casos no bioma Costeiro e Marinho), seguida pela Companhia de Saneamento do ParanáSanepar (333), DNIT (214), Shell Brasil (138) e outras empresas. 

Clique aqui para ler a matéria em inglês.

Veja nesta planilha os principais resultados, com empresas e pessoas físicas, com infrações ambientais e embargos do Ibama e ICMBio. Os dados de cada infração e embargo devem ser checados no Ibama e ICMBio (veja na metodologia do projeto mais informações). Os dados do CruzaGrafos foram atualizados em abril de 2025. 

No total, o CruzaGrafos reúne hoje cerca de 327 mil autos de infração ambientais (Ibama+ICMBio) e cerca de 86,5 mil embargos ambientais – abrangendo cerca de 4,85 milhões de hectares. O projeto conta com apoio da Earth Journalism Network, da Internews, por meio da iniciativa Biodiversity Media Initiative.

No mapa da plataforma, a Amazônia e o Cerrado concentram a maior parte das áreas embargadas, sendo que Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia lideram. As camadas do MapBiomas Alerta frequentemente coincidem com as autuações do Ibama/ICMBio em áreas protegidas, reforçando pistas de onde há desmatamento ilegal.

Novas funcionalidades ambientais

A versão lançada em 16 de abril de 2025 trouxe mapas interativos georreferenciados e camadas temáticas que enriquecem as investigações (veja o evento de lançamento: live da Abraji, 16/4). Em especial, o projeto agora possui:

  • Mapas interativos com pontos georreferenciados de autuações e embargos ambientais. É possível “explorar territórios, regiões e eventos ambientais a partir de dados oficiais”, clicando nos locais de ocorrência das infrações.
  • Camadas visuais especiais, como alertas do MapBiomas Alerta (monitoramento de desmatamento por satélite), limites de Terras Indígenas e Unidades de Conservação (UCs), além de fundos de imagens de satélite via Google Maps e ArcGIS. Esses recursos ajudam a contextualizar cada autuação no mapa, mostrando se ela ocorre em área protegida ou criticamente desmatada.
  • Ferramentas de investigação baseadas em mapa: ao identificar uma autuação no gráfico, o usuário pode carregar a área no mapa, ver infrações próximas ou sobrepostas a áreas protegidas, além de exportar dados para análise externa. Há links diretos para os sistemas oficiais do Ibama/ICMBio (para conferir processos) e o grafo interativo mantém as conexões entre empresas, sócios, administradores e infrações, permitindo navegar pelas relações de cada infrator.

A atualização representa um salto qualitativo para investigações ambientais, pois a ferramenta agora permite mapear e analisar conexões envolvendo crimes ambientais, desmatamento, infrações e áreas protegidas no Brasil, com dados obtidos de órgãos oficiais como o Ibama, ICMBio e sistemas parceiros como MapBiomas. Em suma, o jornalista consegue cruzar informações empresariais, políticas e ambientais de forma visual, identificando rapidamente pontos críticos de desmatamento ou potenciais “laranjas” ligados a crimes ambientais.

Ferramentas para investigação jornalística

Todos esses recursos facilitam investigações jornalísticas. Por exemplo, é possível localizar, num mapa, todos os embargos ambientais numa região e descobrir quem são os responsáveis, ou ver se uma fazenda embargada fica dentro de uma UC. O CruzaGrafos também oferece a opção de exportar tabelas com os registros filtrados e fornece o número do processo ou auto de infração, para checagem no site oficial do Ibama. 

Além disso, o formato de grafos interativos conecta automaticamente pessoas e empresas. Por exemplo, ao clicar em uma empresa multada, o grafo mostra seus sócios e outras empresas associadas (inclusive criminosos ambientais conhecidos). Essa visão de rede ajuda a revelar esquemas: já existiram casos em que o “dono” de terra embargada sumiu, mas o gráfico mostrou a holding ou sócio que aparece como proprietário real. 

Bases de dados já integradas

Antes da nova fase, o CruzaGrafos já operava com diversas bases públicas de grande valor investigativo:

  • Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ): mais de 60 milhões de empresas e 25 milhões de sócios e administradores.
  • Candidaturas eleitorais (TSE): dados de mais de 1 milhão de candidatos de eleições entre 2014 e 2024.
  • Sanções federais: registros de punições aplicadas pelo governo federal, como impedimentos para contratos com o Estado.
  • Dívida Ativa da União: mais de 28 milhões de registros, incluindo débitos previdenciários e com o FGTS.
  • Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB): empresas que possuem aeronaves registradas no Brasil.

Essas bases já permitiram importantes investigações conduzidas por jornalistas, auditores e pesquisadores, como identificação de conexões empresariais suspeitas, vínculos entre políticos e empresas de fachada, ou beneficiários de programas públicos com histórico de sanções. Veja vários exemplos na newsletter do projeto - https://investigadora.substack.com/

Como acessar o CruzaGrafos:

Quem é associado(a) à Abraji tem acesso direto à ferramenta utilizando o mesmo e-mail e senha já cadastrados. Veja em https://cruzagrafos.abraji.org.br/ 

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