• 15.04
  • 2013
  • 15:40
  • Abraji

Vale do Aço assiste a segunda execução de jornalista em 37 dias

Em Ipatinga (MG), o jornal Vale do Aço não tem mais editoria de Polícia. No dia 8 de março, o repórter Rodrigo Neto foi executado com dois disparos por homens em uma motocicleta. Nesse domingo (14.abr.2013), seu colega fotojornalista Walgney Assis Carvalho foi morto de maneira semelhante: dois tiros, uma moto, em um bar da região. Após a segunda morte, o profissional que substituía Rodrigo Neto decidiu abandonar o posto.

A Abraji lamenta que um segundo profissional tenha sido morto na região antes de as autoridades solucionarem o primeiro caso. Walgney é o terceiro jornalista assassinado no Brasil em 2013 – de acordo com o Comitê de Proteção aos Jornalistas, foram quatro mortes em todo o ano de 2012. A impunidade serve de estímulo a ações como essas, em que o executor tem por objetivo calar o jornalismo executando um jornalista. 

A morte de Rodrigo Neto (8.mar.2013) teve grande repercussão. Além de a Assembleia Legislativa mineira acompanhar o trabalho da Polícia, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, visitou Ipatinga em 19 de março.

Amigos e colegas do repórter se organizaram no Comitê Rodrigo Neto, movimento que cobra a solução do assassinato sob o slogan “Chega de impunidade! Sua voz não vai se calar”. O grupo compilou reportagens sobre crimes sem solução e que foram cobertos por Rodrigo Neto. Em muitos deles, há indícios de assassinatos de testemunhas e de participação de policiais militares. Na semana passada, o grupo organizou uma passeata em Ipatinga para marcar um mês da morte de Rodrigo Neto e cobrar a solução do crime.

Um telefonema anônimo alertou nessa segunda-feira (15.abr.2013) a Comissão de Direitos Humanos da ALMG que Walgney Carvalho sabia quem eram os executores de Rodrigo Neto, e que por isso foi assassinado.

A Abraji condena o homicídio de Walgney Carvalho, que parece se inserir na lógica de queima de arquivo de outras ocorrências da região. É importante que autoridades de todas as esferas se unam para elucidar as duas mortes com rapidez. Garantir a segurança e a integridade de jornalistas é passo fundamental para a garantia da liberdade de expressão no Brasil, onde pelo menos três jornalistas foram mortos em 2013.

Diretoria da Abraji

Assinatura Abraji