• 25.04
  • 2011
  • 09:01
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Unesco propõe maior atenção da imprensa às DSTs

A proporção de casos de AIDS na faixa etária de 13 a 24 anos no Brasil passou de 35% em 2000 para 42,7% em 2008, de acordo com o Unaids. A faixa etária de 13 a 19 anos é a única em que, desde 1998, o número de casos em mulheres supera os verificados em homens. Coberturas sobre os contextos e as políticas públicas específicas para o enfrentamento dessas realidades não têm aparecido na mídia. O painel “Cobertura de HIV/AIDS, DSTs e Hepatites: desafios e possibilidades”, do 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, discutirá a ausência de uma cobertura sistemática do tema.

A mesa será realizada em parceria com a Unesco dentro do projeto “A mídia brasileira para e sobre os jovens como atores-chave na discussão sobre AIDS e outras DSTs”, que tem o desafio de encontrar o caminho para tratar o tema a partir das características peculiares da situação brasileira – que não é a mesma de países com taxas elevadas de infecção, como os da África subsaariana. “O que a gente percebeu é o fato de que a mídia perdeu o interesse por esses temas. Parece que falta o gancho da notícia”, afirma Marta Avancini, consultora da Unesco e ex- repórter de “O Estado de S.Paulo”. Porém, ela contrapõe: “há um movimento que não está sendo captado”. Como exemplo, usa, além do crescimento de casos de AIDS entre os jovens, o da Hepatite B, que contamina de dois a três milhões de brasileiros (em especial no Norte e Nordeste do Brasil) e se espalha principalmente através do ato sexual, apesar de campanhas do Ministério da Saúde.

“Acho que isso leva a uma reflexão sobre o trabalho jornalístico. As informações estão aí. Eles [os jornalistas] estão lendo? Como estão se apropriando disso? Até que ponto existe um trabalho de aprofundamento dos dados? O problema é não dar destaque a um tema que afeta tanto um grupo específico”, questiona Avancini. E ressalta a importância da mídia, já que ela é um canal que tem um potencial de trazer temas para o debate público. “A gente não tem uma receita para tratar da temática. O projeto está sendo desenvolvido justamente para que proponhamos em conjunto novas abordagens”, afirma a consultora.

Dentre os participantes da mesa de discussão estão Guilherme Canela, Aureliano Biancarelli e Inesita Soares de Araújo. Cada um poderá acrescentar um diferente ponto de vista sobre o assunto. Enquanto Aureliano pode trazer toda a sua experiência como repórter da área, a professora Inesita trará conhecimentos das pesquisas que relacionam comunicação e saúde. Tudo se somará à experiência da Unesco no assunto, representada por seu coordenador de comunicação. “A gente espera trazer no congresso atenção para a necessidade de olhar novamente para esse tema e em especial para a juventude”, conclui Avancini.

 

6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Quando: 30 de junho a 2 de julho de 2011
Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)
Inscrições: http://bit.ly/6congresso 

 


 

Assinatura Abraji