Tons do Brasil: reportagem multimídia aborda raça e colorismo 
  • 04.10
  • 2019
  • 11:30
  • Natália Silva

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Tons do Brasil: reportagem multimídia aborda raça e colorismo 

No Brasil, ser negro é uma escolha? Em censos demográficos, como aqueles realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sim. Os questionários de raça são feitos com base na autodeclaração: o entrevistado pode escolher uma das cinco categorias delimitadas pelo IBGE — branco, preto, pardo, amarelo ou indígena — para afirmar sua identidade. 

Fora do censo, a resposta para essa pergunta vai além do sim ou não. Num país marcado pela miscigenação racial e pelo racismo, frutos de uma história composta por escravidão e tentativas reiteradas de embranquecimento da população, é difícil traçar linhas para dizer quem é branco, pardo ou negro quando essa percepção está limitada à cor da pele. Essa classificação imprecisa, que afeta milhões de brasileiros, é o tema da reportagem multimídia “Tons do Brasil”, produzida por Catharina Rocha e apresentada durante o 14º Congresso da Abraji.

Catharina entrevistou cerca de 40 pessoas e dedicou um ano de pesquisa para tratar de assuntos complexos, como raça, racismo e colorismo. Esse último termo foi criado em 1982 por Alice Walker, escritora e ativista dos Estados Unidos, para tratar do fenômeno decorrente do racismo que dá à pessoas de pele negra mais clara vantagens em relação à pessoas de pele negra mais escura.

Como uma negra de pele clara, Catharina conta que cresceu sem saber quem era em termos de raça, o que teve forte impacto na formação de uma identidade. Por isso, ela quis tratar esse tema de forma explicativa, imparcial e visual. “Escolhi o formato de reportagem multimídia porque só o texto acompanhado de uma foto não daria conta da história das pessoas e de suas identidades”, explica Catharina. Em “Tons do Brasil”, a raça vai além da cor da pele: entrevistados falam de outros traços de sua aparência e de sua trajetória que fazem com que eles sejam parte da população negra do país, composta por negros e pardos.

Ao longo de sua pesquisa, Catharina conta que enfrentou dificuldades para encontrar especialistas que tratam desses temas e pessoas que estivessem dispostas a contar suas histórias. Mas, como escolheu o tema do seu TCC com antecedência, ela teve tempo para buscar fontes e realizar entrevistas. Olhando para trás, a jornalista conta que está orgulhosa de seu trabalho, que também foi publicado no portal Alma Preta. “Eu fiquei muito feliz quando meu TCC foi selecionado pela Abraji, é importante fomentar o debate sobre esses temas”, afirma.

Assinatura Abraji