- 31.05
- 2012
- 14:37
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Tim Lopes: como reduzir a violência contra jornalistas
Gelson Domingos, o operador de câmera morto durante uma cobertura no Rio de Janeiro em 2011, tinha vinte anos de profissão. Apesar da experiência, trabalhava em dois empregos e em pelo menos um deles também conduzia a viatura de reportagem. Na opinião da presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, Suzana Blass, a precarização trabalhista é cúmplice nas mortes de muitos repórteres. A sindicalista foi uma das expositoras no segundo painel do seminário "Jornalismo de Risco no Brasil", realizado pela SIP e pela Abraji em 31 de maio e 1º de junho no auditório da ESPM no RJ.
Blass destacou que grandes empresas de mídia têm obrigação de garantir a segurança de seus profissionais durante coberturas externas. Isso significa não só um colete a prova de balas adequado, mas também treinamento, respeito à jornada de trabalho, um motorista e a liberdade para abandonar a cobertura em caso de risco.
O presidente da Abraji, Marcelo Moreira, lembrou a morte de Tim Lopes, seu colega de rede Globo. Foi depois do crime que Moreira tomou contato com o International News Safety Institute, uma organização inglesa que promove treinamentos de segurança para jornalistas. Desde então, já foram realizados treinamentos com jornalistas brasileiros em duas ocasiões e cursos dentro das Organizações Globo - o último deles após a ocupação do Complexo do Alemão pelo Bope. Os treinamentos são promovidos pelo INSI e custeados pelas empresas de comunicação.
O diretor para liberdade de imprensa da SIP, o jornalista argentino Ricardo Trotti, destacou em sua fala a importância de relatar à sociedade as ameaças e riscos envolvidos na cobertura. A violência contra os jornalistas poderia ganhar eco na população e, com isso, haveria maior pressão para que homicídios não ficassem impunes. É o caso da história de Tim Lopes, mas não de outros repórteres do interior do país ou de veículos menores.
O seminário "Jornalismo de Risco no Brasil" é uma realização da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ). Tem o patrocínio da Fundação John S. & James L. Knight e faz parte do Projeto contra a Impunidade da SIP.
No dia 1º de junho, o debate continua. Serão dicsutidas as medidas que jornalistas podem tomar para se proteger e os limites para a obtenção de boas imagens. Para encerrar o evento, será exibido um trecho do filme "Histórias de Arcanjo - um documentário sobre Tim Lopes", produzido por Bruno Quintella, filho do jornalista.