- 18.10
- 2024
- 16:40
- Laysa Vitória
Liberdade de expressão
TikTok se destaca como foco de ataques a jornalistas durante segundo turno das eleições
O TikTok tem se destacado como uma plataforma onde crescem as ofensas a jornalistas no Brasil. Os dados são do monitoramento de ataques à imprensa feito pela Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), da qual a Abraji faz parte. A rede social foi incluída no levantamento a partir do relatório da quarta semana e, desde então, só registra crescimento. O sétimo relatório, divulgado nesta semana, confirmou a rede social como um novo espaço de violência contra a imprensa, com 344 ataques. Desde o início das eleições, em agosto, o CDjor tem feito o monitoramento e registrado os relatórios semanais em sua página no LinkedIn.
Além de registrar o maior número de ataques, o TikTok também apresentou, durante o período deste relatório - 07 a 13 de outubro - o maior grau de toxidade nas mensagens e nos comentários postados contra a imprensa. Utilizando tecnologia de API do Google, cada comentário recebe um valor entre 0 e 1 em diversos parâmetros de análise. Quanto maior o valor, maior a chance de um usuário perceber aquele comentário como tóxico. No TikTok, a média de toxicidade foi de 0,4, tendo o post mais tóxico atingido o índice de 0,92. Em comparação, o X teve média de 0,33, com a postagem mais tóxica alcançando 0,86, enquanto o Instagram registrou a menor média, de 0,22.
O sétimo relatório monitorou os ataques à imprensa durante a primeira semana do segundo turno e constatou que as práticas de ataque, adotadas desde o início do período eleitoral, persistiram, mesmo com a redução das postagens relacionadas às eleições após o fim do primeiro turno. Entre 7 a 13 de outubro, foram contabilizados 920 ataques nas plataformas monitoradas: X, Instagram e TikTok.
No dia 8 de outubro, o X (antigo Twitter) voltou a funcionar após 39 dias bloqueado. Foram 16.218 publicações e comentários monitorados, registrando 127 ataques à imprensa, uma diminuição em relação ao relatório anterior. No Instagram, também houve queda. Registraram-se 449 postagens ofensivas, entre as 261.086 publicações e comentários monitorados. O TikTok foi a única rede que aumentou proporcionalmente o número de ofensas.
São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre, respectivamente, foram as capitais que mais tiveram ataques à imprensa neste período. Em todas haverá segundo turno. As principais causas de uma série de ataques a jornalistas foram as análises sobre o resultado das eleições de São Paulo e a cobertura da tensão entre Jair Bolsonaro (PL) e Silas Malafaia envolvendo o pleito em São Paulo e Curitiba.
Veículos e jornalistas mais atacados
O veículo Conexão Política foi o mais atacado na primeira semana do segundo turno, com 133 menções, em seguida, está a Rede Bandeirantes com 103, O Povo Online e a Rede Globo, com 34, e Diário do Nordeste, com 19.
Já os jornalistas mais atacados foram Adriana Araújo, da TV Bandeirantes, com 107 postagens ofensivas, após a publicação de vídeo com cortes da matéria que citava o candidato Pablo Marçal (PRTB). Depois, Vera Magalhães, da TV Cultura e Grupo Globo, com 22 postagens ofensivas, seguida por Joel Pinheiro, com 13, Ricardo Noblat com 10, Leonardo Sakamoto com 4 e Natuza Nery com 3.
Sobre o monitoramento da CDJor
Os relatórios do Monitoramento de Ataques Contra a Imprensa são publicados semanalmente nas redes sociais da Coalizão e da Abraji. E ,ao assinar a newsletter, o levantamento é enviado para seu e-mail. Ao final das eleições, a Coalizão publicará um relatório completo compilando casos, análises sobre as tendências das violências monitoradas e recomendações ao Estado brasileiro, com a intenção de subsidiar futuras ações de incidência no país em termos de políticas públicas de fortalecimento da liberdade de imprensa e regulação das plataformas digitais.
A Coalizão conta com a parceria do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), para o monitoramento dos ataques digitais. Fazem parte da coalizão: Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Artigo 19, CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Tornavoz, Intervozes, Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) e RSF (Repórteres Sem Fronteiras).