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Tecnologia abre novas frentes ao jornalismo
Publicado no jornal “O Estado de S.Paulo” em 02 de julho de 2011
De exímio operador de telex a tuiteiro com mais de 8 mil seguidores. A capacidade do jornalista e professor Rosental Calmon Alves, de 59 anos, de se adaptar às inovações tecnológicas das últimas décadas é um dos motivos pelos quais foi homenageado ontem, em sessão solene, durante o 6.º Congresso de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.
Considerado um dos grandes teóricos do jornalismo online da atualidade, Calmon Alves chamou a atenção para os desafios a serem enfrentados pelos jornalistas neste momento de revolução digital.
Segundo ele, o surgimento das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, não mudou somente o jornalismo, e sim o mundo. "Nunca antes os avanços tecnológicos nos afetaram tanto e, consequentemente, afetaram a forma de fazer jornalismo. Há mais de uma década que eu venho alertando para isto: não dá mais para continuar fazendo jornal do mesmo jeito", disse.
Segundo ele, essa é uma nova realidade que as grandes empresas de mídia precisam aceitar. "Hoje a comunicação não é mais vertical, unidirecional, com a internet ela passou a não ter limites. Outra diferença é que a audiência não é mais passiva, não se trata mais de um monólogo, é preciso haver um constante troca de informações entre os leitores e o jornal", explicou.
Ele citou como sinal de alerta os problemas enfrentados pelas empresas do setor nos Estados Unidos. "A quantidade de publicidade nos jornais norte-americanos diminuiu 45%. Nos últimos cinco anos, mais de 21 mil jornalistas foram demitidos."
Biografia. Calmon Alves começou sua carreira de jornalista em 1968, aos 16 anos. Entre outros veículos, passou pelas rádios Tupi e Nacional, no Rio, e pelas revistas IstoÉ e Veja. No Jornal do Brasil, foi correspondente em Madri, Buenos Aires, Washington e Cidade do México.
Em 1995, foi o responsável pelo lançamento da primeira versão para a internet de um jornal brasileiro: o JB Online. Um ano depois, trocou as redações pela carreira acadêmica, tornando-se professor na Universidade do Texas, em Austin. Em 2002, criou o Centro Knight para Jornalismo nas Américas. O Congresso da Abraji termina hoje. Ao todo, mais de 800 pessoas, entre jornalistas e estudantes, participaram do evento.