Site da Ponte Jornalismo fica fora do ar após três semanas de ataques massivos
  • 21.08
  • 2020
  • 18:51
  • Abraji

Liberdade de expressão

Site da Ponte Jornalismo fica fora do ar após três semanas de ataques massivos

Após três semanas de ataques, o site da Ponte Jornalismo foi derrubado ontem, 20.ago.2020, ficando fora do ar por alguns minutos. Segundo a empresa de segurança digital contratada pelo veículo, um grupo ainda não identificado usou uma tática conhecida como negação de serviço distribuída, ou DDoS (distributed denial of service, na sigla em inglês), que, a partir da requisição de vários computadores, impõe uma sobrecarga ao servidor para que recursos do sistema fiquem indisponíveis a seus usuários.

A Ponte Jornalismo é uma organização sem fins lucrativos criada há quatro anos para defender os direitos humanos por meio do jornalismo investigativo, promovendo “a aproximação entre diferentes atores das áreas de segurança pública e justiça, colaborando na sobrevivência da democracia brasileira.”

Fausto Salvadori, um de seus criadores, afirma que “o veículo nasceu sabendo que iria incomodar quem tem poder”. Mas as represálias passaram a representar um risco à sua sustentabilidade.

A contratação de uma empresa de segurança digital está orçada em cerca de 4.000 reais, mais 3.000 reais mensais para manutenção do serviço, segundo Salvadori. O site ainda teve de aumentar em quatro vezes os gastos com assessoria jurídica, tendo em vista o crescimento da quantidade de ações judiciais movidas contra ele, em sua maioria por policiais.

A instabilidade ocasionada pelos ataques DDoS atrasou planos estratégicos para o veículo. A Ponte foi selecionada pelo Fundo Velocidad, programa de aceleração de empresas jornalísticas, e, como parte da consultoria que recebe, lançaria um novo programa de membros.

“A campanha vem sendo idealizada junto com a agência de publicidade e marketing digital Gana Comunicação, formada só por pessoas negras”, conta o jornalista. Com os ataques, a iniciativa só irá ao ar quando o site estiver estável e protegido pelos protocolos oferecidos pelo serviço de segurança a ser contratado.

A equipe da Ponte ainda não sabe quem está por trás dos ataques, pois eles envolvem um “exército de bots”. Por enquanto, o veículo enfatiza a importância de apoiar o jornalismo do portal por meio do Catarse.me.

Depois de recomendações de leitores e apoiadores, a Ponte instalou o Cloudflare, que funciona como uma barreira de proteção ao servidor por meio de uma tecnologia chamada proxy reverso.

Para Marcelo Träsel, presidente da Abraji, um ataque aos servidores de um website jornalístico é o equivalente ao empastelamento das instalações de um jornal que militantes políticos praticavam antigamente. “Esse tipo de violação à liberdade de imprensa é inaceitável em uma democracia. Esperamos que as autoridades possam encontrar e punir os responsáveis.”

Foto: Pixabay

Assinatura Abraji