• 28.03
  • 2007
  • 10:06
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Sindicatos defendem jornalista do AP em nota

Os Sindicatos dos Jornalistas Profissioais do Amapá e do Pará e outras nove entidades da sociedade civil divulgaram no dia 25 uma nota em apoio a jornalista Alcinéa Cavalcanti, que mantém o blog http://alcinea-cavalcante.blogspot.com, com notícias sobre o cenário político e administração pública da região do Amapá. Desde agosto do ano passado, a jornalista acumula mais de 25 processos por injúria, calúnia e difamação. A nota divulgada pelos sindicatos e associações alertam para a ameaça de uma “indústria da indenização, firmada em perseguições e represálias a jornalistas”.

 

Segundo Alcinéa, a maioria dos processos foi movida foi pelo senador José Sarney (PMDB-AP), com pedidos de indenização. Um dos principais foi provocado por um comentário deixado por um internauta durante a campanha eleitoral, em que ele dizia que o senador "fede, fede muito". Por conta disso, o blog foi retirado do ar pelo servidor e a jornalista foi condenada em primeira instância.

 

A assessoria de imprensa do senador José Sarney afirmou, em nota oficial, que a ação contra a jornalista foi movida pelos “advogados da heterogênea frente política que participava do processo eleitoral ao seu lado, a União pelo Amapá, integrada pelos partidos  PMDB - PV - PRONA - PP – PSC”. Ainda segundo a nota, o senador ficou sabendo do fato pelos jornais e até então desconhecia Alcinéa.

 

No entanto, “embora não tenha sido o autor dos processos, Sarney tem opinião formada sobre o que ocorreu. Charges não são ofensivas apenas por serem charges. O que se lamenta é quando difamam, caluniam e ofendem, principalmente quando se usa termos agressivos e desnecessários como ‘Xô Sarney’, que lembra intolerância, autoritarismo e preconceito”, complementa a nota, referindo-se a uma campanha da qual a jornalista fez parte no Amapá. O texto também afirma que o senador tem respeito pelos blogs, desde que não “provoquem anomalias que coloquem em questão o mesmo Estado Democrático de Direito que garante a suas existências. Assim como a faca alimenta, mas também pode matar, a Internet também pode ser benéfica se usada para o bem.”

 

Outro processo, segundo os sindicatos e as associações que apóiam a jornalista, foi movido pelo desembargador Honildo Amaral de Mello e Castro, após ela ter publicado a foto de um hotel em construção de propriedade do desembargador. A foto foi reproduzida em outro blog, do jornalista Correa Neto, que comentou sobre a grandiosidade do prédio, dizendo que seu custo era incompatível com os rendimentos de Mello e Castro. No dia 25, data da primeira audiência de conciliação do processo, o desembargador não compareceu.

 

“Ele pede uma indenização de 500 salários mínimos (cerca de US$ 175 mil), argumentando que ao publicar a foto do hotel, onde existe uma placa com o nome do desembargador, eu invadi sua privacidade. Não vou aceitar acordo nenhum, porque seria admitir alguma culpa”, afirma a jornalista. O desembargador também não foi encontrado para comentar o caso. “Sobre os outros processos, são absurdos. Aqui no Estado eu perdi, mas estou ganhando no Tribunal Superior Eleitoral. Enviei para o ministro Marco Aurélio de Mello um dossiê sobre esses julgamentos”, complementa.

 

Assinam a nota os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais do Amapá e do Pará, a Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Bancários do Pará/Amapá, Sindicato dos Urbanitários, o Conlutas, as Associações dos Moradores do Jardim Felicidade 1, das Mulheres Empreendedoras, dos Escritores Amapaense e das Mulheres do Amapá.

Assinatura Abraji