Seminário levanta propostas para reduzir desigualdade racial nas redações em São Paulo
  • 18.09
  • 2017
  • 11:45
  • Mariana Gonçalves

Formação

Seminário levanta propostas para reduzir desigualdade racial nas redações em São Paulo

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira-SP) realiza, nesta semana (23.set.2017), o Seminário Equidade Racial nas Empresas Jornalísticas. O evento tem mais de sete horas de atividades e acontece na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, no centro da capital. A entrada é gratuita.

Com a participação de jornalistas, sociólogos e lideranças sindicais, o seminário promove a reflexão sobre a baixa presença de pessoas negras nas redações brasileiras, apresenta experiências bem-sucedidas de promoção da equidade e busca construir, de forma colaborativa, um plano de ação com proposta para minimizar a desigualdade racial no jornalismo. 

“Numa sociedade racista e desigual como a nossa, a equidade racial não acontece sem um plano, sem uma vontade efetiva e consciente”, diz a jornalista Juliana Gonçalves, integrante da Cojira. A ideia é apresentar a proposta às empresas jornalísticas de São Paulo e não apenas sensibilizá-las para o problema, mas mostrá-las boas práticas que podem torná-las mais inclusivas. 

Para Gonçalves, a expectativa é de que o seminário tenha um público plural, com a presença de repórteres, editores e RHs das redações. “Só pensando coletivamente a gente consegue pensar e criar um plano de trabalho efetivo”, diz. 

O evento inclui a realização de um workshop do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), entidade conhecida por promover o debate sobre inclusão nas empresas, apresentando as experiências de categorias que conseguiram diminuir a desigualdade racial no ambiente de trabalho. A atividade será conduzida pela diretora do CEERT, professora universitária e especialista do campo da diversidade Maria Aparecida Silva Bento. 

Problemática

De acordo com a pesquisa “Perfil do jornalista brasileiro”, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), de 2012, 5% dos profissionais de imprensa se autodeclaram de cor preta e 18% se consideram pardos. Em contrapartida, 72% são brancos.

Para a jornalista Helaine Martins, criadora do projeto Entreviste um Negro, as consequências da baixa presença de jornalistas negros nas redações são inúmeras: “Os estereótipos são constantemente reforçados, vemos as pautas relacionadas à população negra serem constantemente ignoradas, entre as fontes jornalísticas somos minoria e existe até mesmo um desconhecimento sobre o significado de termos básicos como racismo e injúria racial”, diz. 

“Não dá para esperar que o jornalismo apresente um conteúdo plural e diverso quando as redações são predominantemente brancas”, completa Gonçalves. “É importante que jornalistas negros ocupem esses espaços para que não apenas a pauta da negritude, mas a pauta da diversidade e a pluralidade de ideias sejam, de fato, contempladas.”

Martins apresenta três propostas para mudar esse cenário: a primeira, promover o debate sobre a questão racial nos cursos de comunicação das universidades; depois, repensar a seleção de jornalistas para o mercado de trabalho, que “segrega quem não estudou numa escola pública ou particular renomada”e, “automaticamente, exclui negros e pobres”. O terceiro ponto é a inclusão de personagens negros nas narrativas, o que já começou a mudar com o projeto Entreviste um Negro. “É fundamental que a imprensa pare de tratar o negro como objeto para nos tornarmos sujeitos da nossa própria história”, ela diz. 

O cronograma completo do seminário pode ser visto no Facebook

Serviço

Seminário Equidade Racial nas Empresas Jornalísticas

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

Rua Rêgo Freitas, 530, República – São Paulo, SP

23 de setembro, das 9h30 às 17h

Link para o evento aqui

Assinatura Abraji