• 01.09
  • 2016
  • 11:00
  • Abraji

Seis jornalistas são agredidos durante protestos contra o impeachment

Nota atualizada em 1.set.2016 às 15h25 (a repórter Maria Eduarda não chegou a ser agredida fisicamente) e às 17h25 (a câmera destruída era de Vinicius Gomes, não de William Oliveira)

Pelo menos seis jornalistas foram agredidos em manifestações contra o presidente Michel Temer nesta semana. Além de sofrerem agressões, dois fotojornalistas ainda foram detidos ilegalmente, durante cobertura do ato no centro de São Paulo, na última quarta-feira (31.ago.2016). 

William Oliveira (Coletivo MIRA) foi agredido por policiais militares próximo à sede da Folha de S.Paulo, no Centro. Vinicius Gomes (Coletivo Remirar) também foi agredido; atingido na cabeça, chegou a ser levado ao pronto socorro da Santa Casa, mas passa bem. Sua câmera foi completamente destruída Ambos foram detidos e levados ao 78º DP, onde permaneceram da 1h às 5h da manhã desta quinta-feira.

Em Brasília, o repórter da TV Record Luiz Fara Monteiro foi agredido com socos nas costas por militantes da CUT, além de sofrer agressões verbais próximo ao Palácio da Alvorada. Em Porto Alegre, a repórter Maria Eduarda Fortuna, da Rádio Gaúcha, também foi hostilizada verbalmente por manifestantes.

No dia anterior (30.ago.2016), a repórter Kátia Passos (Jornalistas Livres) cobria manifestação contra o impeachment em São Paulo quando foi atingida por estilhaços de bomba de efeito moral disparada pela Polícia Militar. Na segunda-feira (29.ago.2016), uma repórter do Brasil de Fato foi atingida por um jato de spray de pimenta no rosto, também em São Paulo.

Com esses casos, o número de violações contra jornalistas durante manifestações registradas pela Abraji desde junho de 2013 chega a 287. Só em 2016, foram 55 ocorrências. O levantamento completo está disponível on-line.

A polícia foi autora de 71% do total de casos. Dentre eles, 62% foram deliberados, ou seja, o profissional de imprensa estava identificado como tal e mesmo assim foi agredido ou detido. Manifestantes foram responsáveis por 1/4 do total de agressões; em 80% das vezes, elas foram propositais.

A Abraji repudia toda e qualquer agressão contra jornalistas no exercício da profissão. 

É alarmante que um braço do Estado, a Polícia Militar de São Paulo, insista em reprimir com violência a atuação da imprensa. A Abraji exige que os casos sejam investigados e os responsáveis punidos.

É igualmente preocupante que manifestantes usem de violência contra jornalistas e impeçam repórteres de trabalhar. Quando um profissional da comunicação é agredido, o direito à informação é violado e a democracia fica sob risco.

Diretoria da Abraji, 1º de setembro de 2016.

Assinatura Abraji