• 25.06
  • 2012
  • 12:40
  • Karin Salomao

Segurança para jornalistas em áreas de conflito é pouco divulgada, segundo Rodney Pinder

Rodney Pinder, diretor do International News Safety institute (INSI), falará no 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo sobre os riscos a que estão expostos os jornalistas que trabalham em zonas de guerra e como se preparar melhor para essas coberturas. Ele estará presente na mesa “Medidas de proteção para jornalistas em coberturas de conflito armado”  dia 12 de julho, às 9h, junto com Marcelo Moreira (TV Globo/Abraji), João Paulo Charleaux (Conectas Direitos Humanos) e Frank Smyth (Global Journalist Security/EUA).

Este será o terceiro congresso da Abraji de que Pinder participará. Segundo ele, um dos objetivos de sua vinda ao país é ouvir os jornalistas nacionais e entender melhor as necessidades do país Brasil para desenvolver um treinamento apropriado. 

O objetivo da palestra é a divulgação de formas seguras de cobertura em áreas de risco. Um dos problemas para essa difusão, segundo ele, é o fato de ser dada uma maior atenção aos correspondentes internacionais em grandes guerras, quando esses, na verdade, são apenas uma pequena proporção dos jornalistas assassinados. Segundo o INSI, 93% dos jornalistas nasceram e viveram nos países onde foram mortos. “Os crimes são normalmente contra repórteres cobrindo assuntos locais, como crime, política e corrupção”, diz Pinder. Muitas vezes, ressalta ele, as forças de segurança estão relacionadas aos criminosos, tornando o risco aos jornalistas ainda maior.

Como 9 em cada 10 casos de assassinato seguem impunes,  “o assassinato se torna uma maneira sem riscos para silenciar a reportagem”, afirma. A impunidade torna-se um desafio para a liberdade de imprensa. Sobre o Brasil, Pinder mencionou a cobrança da Abraji pela apuração do jornalista Décio de Sá, em abril. Esses crimes não apenas silenciam o repórter, mas mandam uma mensagem de que não se deve cobrir essas áreas.

Por isso, em diferentes países, os jornalistas deixam de reportar essas questões e vão para áreas menos perigosas. “Esses cantos obscuros da sociedade não estão sendo expostos como deveriam”. 

Segundo Pinder, a única maneira totalmente segura de evitar os riscos dessas situações é não reportá-las. A reportagem e a liberdade da imprensa de reportar, no entanto, são vitais para a sociedade, diz ele, o que torna essa opção inviável. A alternativa, então, é que o jornalista reconheça os riscos e se prepare para eles, através de informação e treinamentos de segurança apropriados. “Se os matadores são profissionais, os jornalistas também deveriam ser”.

 

Treinamentos

Em cooperação com Marcelo Moreira, presidente da Abraji, Pinder já realizou dois treinamentos de segurança para jornalistas no Brasil. Este ano, eles atuam em duas frentes: um novo treinamento no Rio de Janeiro e um projeto maior para realizar um curso para treinadores, com a ajuda do governo inglês. Esse curso treinará jornalistas experientes a repassar o conhecimento aos colegas mais jovens. Os treinamentos abordam questões como a prevenção contra sequestros, como saber se está sendo observado e vigiado, prática para situações de tiroteio e emergências. Pinder e Marcelo Moreira lançarão ainda um plano de implementação de medidas de segurança para jornalistas no Brasil. 

O INSI foi criado em 2003, para ajudar jornalistas em situações de risco, com a cooperação de organizações ao redor de todo o mundo. Além de oferecer informações de medidas de segurança no site do instituto, o intuito também é arrecadar dinheiro para oferecer treinamentos sem custos para os jornalistas. Até hoje, foram mais de 2 mil jornalistas treinados (quase uma centena deles no Brasil) em 23 países.


7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Quando: 12, 13 e 14 de julho de 2012

Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)

Inscrições: http://bit.ly/7Congresso


Assinatura Abraji