Segunda etapa do Atlas da Notícia quer ampliar base de dados com levantamento colaborativo
  • 16.08
  • 2018
  • 13:29
  • Rafael Oliveira

Liberdade de expressão

Segunda etapa do Atlas da Notícia quer ampliar base de dados com levantamento colaborativo

70 milhões de brasileiros vivem em desertos de notícias — sem veículos de jornalismo em suas comunidades — e isso é especialmente comum em cidades com baixo IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal). Essa é uma das principais conclusões da primeira etapa do Atlas da Notícia, lançada em novembro de 2017. Agora, a iniciativa busca expandir e atualizar o seu banco de dados por meio de uma nova campanha de crowdsourcing (levantamento colaborativo), para complementar a pesquisa que já está em curso. 

Projeto inédito de mapeamento de veículos de jornalismo — especialmente local — no Brasil, o Atlas da Notícia é uma realização do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) e tem a pesquisa, análise e publicação dos dados desenvolvida pela agência Volt Data Lab

A nova etapa do projeto inclui uma rede de pesquisadores nas cinco regiões do país. Marcela Donini (Sul), Dubes Sônego (Sudeste), Jéssica Botelho (Norte), Juan Torres (Nordeste) e Loraine França (Centro-Oeste) auxiliarão o Volt na identificação e verificação de veículos jornalísticos.

“O objetivo é avançar o nível de conhecimento que temos sobre os veículos existentes no Brasil, estejam eles ou não já presentes em nosso banco de dados. Também queremos confirmar informações existentes e ampliar nossa base”, afirma Sergio Spagnuolo, editor do Volt Data Lab.

Para ele, ao “se obter conhecimento sobre vazios de notícia e sobre a característica de veículos no interior do Brasil, fora dos grandes centros de mídia, será possível orientar iniciativas, programas e políticas que possam fortalecer o jornalismo local”.

Angela Pimenta, presidente do Projor, considera que a atualização vai consolidar o projeto. “[Com a nova etapa] vamos começar a registrar fechamento e abertura de veículos jornalísticos anualmente. Desta forma, conseguiremos documentar os chamados desertos de notícia”, afirma.

Segundo ela, o direito humano universal de receber informações de interesse público sobre o poder local fica comprometido com a ausência de jornalismo local. “Trocando em miúdos, uma cidade sem veículos noticiosos – um deserto de notícias – é um lugar onde a prefeitura, a Câmara Municipal, a fila do SUS, as escolas, a pavimentação e iluminação pública, para ficar em alguns exemplos, não têm cobertura. Ali não existe escrutínio e cobrança”, explica a pesquisadora.

A publicação da segunda edição completa do Atlas da Notícia está prevista para novembro de 2018. O projeto inclui também a veiculação de uma série de cinco artigos transmídia sobre a imprensa local brasileira, seja nos desertos de notícias, seja em municípios com experiências bem-sucedidas e inovadoras na cobertura de temas de interesse público.

O Atlas da Notícia se inspira no projeto America's Growing News Deserts, da Columbia Journalism Review. Com apoio do Facebook Brasil, o Atlas conta com a parceria institucional da Abraji.

Assinatura Abraji