- 10.02
- 2011
- 10:36
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Rosental Calmon Alves: uma vida dedicada ao jornalismo
Rosental Calmon Alves nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 15 de dezembro de 1951.
Iniciou sua carreira de repórter em 1968, aos 16 anos. Produzia um jornal de sua escola no Rio de Janeiro. Mesmo jovem, experimentou nessa época uma convivência conflituosa com a ditadura militar em vigor no Brasil: por algumas horas, ficou detido junto com outros estudantes secundaristas quando tentava fundar uma associação estudantil de imprensa.
O desejo de criar associações de jornalismo só se concretizaria anos mais tarde. Como diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, cargo que assumiu em 2002, Rosental foi decisivo para a criação da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e de outras organizações semelhantes na América Latina, como o Fopea (Foro de Periodismo Argentino) e o Fopep (Foro de Periodistas Paraguayos).
Ainda em 1968, conseguiu seu primeiro estágio, onde se tornaria o “Rosental, repórter policial de O Jornal”, rima de que sempre gostou. De lá, foi para Vitória, Espírito Santo, ocupar diversos cargos – foi repórter, chefe de reportagem, correspondente, fotógrafo e editor de fotografia. Após três anos, voltou ao Rio para cursar faculdade de comunicação.
Em 1973, foi convidado a dar aulas de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Embora ainda fosse aluno, virou professor com apenas 21 anos – trabalho que conciliou com o de jornalista. Atuou nas rádios Tupi e Nacional até conseguir realizar seu grande sonho: integrar a equipe do Jornal do Brasil. No ano seguinte, passou a lecionar também na Universidade Gama Filho.
Com o apoio de Dorrit Harazim, então chefe de correspondentes do “JB” e hoje editora da revista “Piauí”, Rosental foi trabalhar como freelancer em Madri. Na Espanha, de onde também escrevia para a revista “IstoÉ”, cobriu o processo de democratização do país. Em setembro de 1979, o “JB” o contratou para ser correspondente em Buenos Aires. De lá foi para o México cobrir as guerras da América Central.
Ficou no “JB” até dezembro de 1995. Em 1996 tornou-se professor de jornalismo da Universidade do Texas. A única interrupção na “era JB” seria de julho de 1984 a julho de 1985, quando foi editor-assistente de “Veja” na sucursal da revista no Rio. De volta ao “JB”, foi enviado pela segunda vez para Buenos Aires para atuar como correspondente.
Em 1987 foi o primeiro brasileiro a ser agraciado com uma bolsa da Fundação Nieman para Jornalismo da Universidade Harvard, em Cambridge (Estado de Massachusetts), nos EUA. A Nieman foi criada em 1937 e é a mais prestigiada bolsa de estudos de jornalismo do mundo.
O ano em Harvard funcionou como um divisor de águas na vida e carreira de Rosental. Nesse período, desenvolveu interesse especial pelo impacto que a então incipiente “revolução digital” teria no jornalismo. Depois da bolsa recebida da Fundação Nieman, foi correspondente do “JB” em Washington.
Convencido por Marcos Sá Corrêa, então editor-chefe do “JB”, voltou ao Rio em 1990 para ocupar cargos de chefia no jornal. No ano seguinte, criou o primeiro serviço de notícias em tempo real por computador – o Sistema Instantâneo de Notícias, da Agência JB. Em 1995, Rosental esteve à frente da equipe que colocou no ar a primeira versão de internet de um jornal brasileiro, o “JB Online”.
Em 1996, depois de ler um anúncio na revista britânica “The Economist”, superou duzentos candidatos e conquistou a cobiçada cátedra John S. and James L. Knight da Universidade do Texas em Austin. Lá, começou ministrando aulas de reportagem internacional e jornalismo na América Latina. No ano seguinte, adicionou à grade o curso de jornalismo on-line, com foco em técnicas multimídia e de interatividade – o primeiro da Universidade do Texas e um dos pioneiros dos Estados Unidos. A partir dessas iniciativas, passou a ministrar cursos para jornalistas em redações de todo o mundo. Trabalha como consultor de organizações de mídia em vários países, principalmente da América Latina e da Europa.
Rosental também é o idealizador e organizador do Simpósio Internacional de Jornalismo On-line (ISOJ, na sigla em inglês). Criada em 1999, todos os anos a conferência atrai jornalistas, empresários de mídia e acadêmicos a Austin.
Em 2002, com um financiamento de US$ 2 milhões da Knight Foundation, Rosental criou o Knight Center for Journalism in the Americas, que ajuda profissionais da região a elevar a qualidade do jornalismo em seus países. Umas das principais atividades do centro é um programa inovador de ensino à distância com cursos ministrados em inglês, espanhol e português. O centro ajudou a criar uma nova geração de organizações de jornalismo independentes e autossuficientes na América Latina. No Brasil, o apoio do Knight Center culminou com a criação da Abraji.
Desde 2004, Rosental detém a cátedra UNESCO de comunicação na Universidade do Texas. É membro da diretoria e do conselho de várias organizações de jornalismo ao redor do mundo, entre elas, a Knight Foundation`s Journalism Program (Miami); o Open Society Foundation`s Media Program (Londres); a Fundação Nieman para Jornalismo na Universidade Harvard (Cambridge, EUA); o International Consortium of Investigative Journalism (Washington); e o International News Safety Institute (Londres).
Em setembro de 2010, foi descrito pelo jornal espanhol “El País” como “o grande teórico do jornalismo na web, grande guru iberoamericano do advento da internet, homem adiantado ao seu tempo”.
Rosental será homenageado pela Abraji durante o 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Na ocasião fará uma conferência sobre o estado do jornalismo mundial e os desafios ainda a serem enfrentados nesta era de convergência de mídias durante uma sessão solene às 11h do dia 1º de julho de 2011.
O congresso da Abraji será realizado de 30 de junho a 2 de julho, em São Paulo, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi (rua Casa do Ator, nº 275).
Mais informações: [email protected]