• 21.07
  • 2016
  • 11:59
  • Amanda Ariela

Rosental Calmon Alves ganha Prêmio Maria Moors Cabot

Rosental Calmon Alves, fundador e diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, foi anunciado nesta quarta-feira (20.jul.2016) pela Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, de Nova York como um dos vencedores de 2016 do Prêmio Maria Moors Cabot.

A medalha é oferecida a jornalistas e organizações que promovem o entendimento interamericano por meio de reportagens e de trabalho editorial. “Alves é um líder verdadeiramente inovador em um cenário de mídia que passa por mudanças, e tem feito contribuições significativas para uma nova geração de jornalistas, das Américas e além”, declara a Universidade Columbia no anúncio oficial dos premiados de 2016.

Com 48 anos de carreira, Alves começou a trabalhar como jornalista quando tinha apenas 16 anos. Passou o início de sua trajetória nas rádios Tupi e Nacional, no Rio de Janeiro, e nas revistas Isto É e Veja. Mas a maior parte de sua carreira foi no Jornal do Brasil, onde trabalhou como correspondente em Madrid, Buenos Aires, Washington e Cidade do México. Mais tarde, foi editor-executivo e diretor do JB.

“Este prêmio significa muito para mim. Estou muito emocionado. Durante décadas, eu segui de perto o prêmio Cabot, recomendei muitos colegas do Brasil e de outros países como candidatos e fui membro do júri durante nove anos, até sete anos atrás”, diz Alves. Ele conta que já estava convencido de que suas chances de ganhar o prêmio haviam acabado quando trocou a carreira das redações pela Universidade do Texas, há 20 anos. “Foi uma surpresa maravilhosa e emocionante”, declara.

A partir da mudança para os Estados Unidos, Alves dedicou-se a projetos de suporte e desenvolvimento do jornalismo, a começar pelo próprio Knight Center, que criou em 2002. Incentivou e ajudou na criação de entidades para esse fim em todo o mundo -- incluindo a Abraji.

Presidente da associação de 2012 a 2013, Marcelo Moreira lembra que “foi Rosental quem criou a semente que deu origem à Abraji”. Fernando Rodrigues, também ex-presidente, conta que Alves ofereceu o servidor do Knight Center para que o primeiro grupo de discussão online sobre a Abraji fosse criado, em 2002. Para Rodrigues, Alves “conseguiu algo muito difícil: amalgamar jornalistas de vários veículos, seres normalmente não gregários”. 

Angelina Nunes, presidente da Abraji de 2008 a 2009 considera-o “um professor nato e um jornalista que está antenado com o que acontece no jornalismo no mundo, que pensa sempre fora da ‘caixinha’”.

Alves criou em 1991 o primeiro serviço de notícias em tempo real por computador – o Sistema Instantâneo de Notícias, da Agência JB. Em 1995, comandou a equipe que colocou no ar a primeira versão de internet de um jornal do país – o JB Online. 

Moreira trabalhou com Alves no Jornal do Brasil nessa época. “Eu tinha acabado de começar como repórter, era quase um estagiário e o Rosental era editor-executivo. Ele ficava na sala dele, um ´aquário´ dentro da redação e ninguém tinha medo do aquário dele. Eu podia escrever uma reportagem, entrar na sala e pedir para ele ler. Recebi muitos incentivos dele”, recorda.

Fernando Rodrigues diz que Alves é “um exemplo para as atuais e novas gerações”, por seu pioneirismo em várias fases ao longo da vida profissional. “Ele é um dos grandes da história da nossa mídia”, resume.

Durante a homenagem que recebeu na 6ª edição do Congresso da Abraji, em 2011, Alves resumiu a si próprio: “não tenho sangue nas veias, tenho tinta”.

O prêmio Maria Moors Cabot foi criado por Godfrey Lowell Cabot, em 1938, como uma homenagem à sua esposa. Atualmente é o prêmio de jornalismo internacional com maior tempo de existência. Além de Alves, 33 jornalistas brasileiros já receberam a distinção.

Outra premiada deste ano é Marina Walker Guevara, diretora do International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) que participou desta edição do Congresso da Abraji e coordenou a investigação dos Panama Papers. Ela receberá uma menção honrosa.

A cerimônia de premiação acontece no dia 18 de outubro, na Low Library da Universidade Columbia.

Brasileiros que venceram o Prêmio Maria Moors Cabot

  1. Paulo Bittencourt (1941)
  2. Sylvia Arruda Botelho Bittencourt (1941)
  3. Assis Chateaubriand (1945)
  4. Orlando Ribeiro Dantas (1948)
  5. Elmano Cardim (1951)
  6. Belarmino Austregésilo de Athayde (1952)
  7. Carlos Lacerda (1953)
  8. Danton Jobim (1954)
  9. Breno Caldas (1955)
  10. Herbert Moses (1957)
  11. Roberto Marinho (1957 e 1965)
  12. Hernane Tavares Sá (1959)
  13. M.F. Nascimento Brito (1967)
  14. Alceu Amoroso Lima (1969)
  15. Alberto Dines (1970)
  16. Fernando Pedreira (1974)
  17. Carlos Castello Branco (1978)
  18. Luis Fernando Levy (1987)
  19. Roberto Muller (1987)
  20. Paulo Sotero (1987)
  21. Roberto Civita (1988)
  22. Carlos Lins da Silva (1991) 
  23. Ricardo Arnt (1991)
  24. Gilberto Dimenstein (1991)
  25. Otávio Frias Filho (1991)
  26. Clóvis Rossi (2001)
  27. João Antônio Barros (2003)
  28. Miriam Leitão (2005)
  29. José Hamilton Ribeiro (2006)
  30. Merval Pereira (2009)
  31. Norman Gall (2010)
  32. Mauri Konig (2013)
  33. Lucas Mendes (2015)
  34. Rosental Calmon Alves (2016)
Assinatura Abraji