- 12.06
- 2008
- 15:51
- Abraji
Repórteres destacam troca de experiências e reflexão sobre a profissão em curso do Bird
Um grupo de 15 jovens repórteres de diferentes regiões do país se reuniu em São Paulo para discutir e refletir sobre critérios jornalísticos e dilemas da profissão. De 9 a 11 de junho, os jornalistas com idades entre 20 e 35 anos participaram do curso de jornalismo investigativo promovido pelo Banco Mundial e pela Fundação Thomson Reuters, com apoio da Abraji.
A partir de pautas hipotéticas, o instrutor Oliver Wates, da Fundação Thomson Reuters, ONG inglesa especializada em jornalismo para o desenvolvimento, apresentava problemas que surgem em apurações e pedia aos participantes para escreverem reportagens com as informações que disponibilizava. Wates também fomentava discussões em torno dos assuntos levantados.
“Como o grupo era bem heterogêneo em termos de regiões e experiências, os casos apresentados renderam discussões muito produtivas: sobre outro lado, processos, apurar sob o uso de disfarces, sobre expor ou não alguém que é acusado de crimes graves em casos de provas escassas. Nessas argumentações, muitas vezes acaloradas, eram compartilhadas idéias e conceitos que certamente poderão ser aplicados nas apurações”, disse o jornalista Marcelo Soares, que participou do curso como facilitador.
Na definição do próprio Soares, ele funcionava como uma espécie de “tradutor de contextos” entre os participantes e o instrutor inglês, que embora tivesse sido correspondente no Brasil e falasse bem português, não vinha ao país há muitos anos.
“Parar e estudar um pouco sobre ‘o que fazemos’ e ‘como fazemos’ é sempre importante. Nesse sentido, acho que o curso foi bem interessante, pois apresentou tanto questões práticas quanto teóricas. O debate sobre procedimentos de trabalho que muitas vezes colocam a questão ética em jogo é importantíssimo. Lidamos com esses dilemas cotidianamente e, evidentemente, formular ou reafirmar alguns princípios é fundamental para regular nossa atividade”, avaliou Fábio Vasconcellos, do jornal O Globo.
Em um dos dias, os jornalistas tiveram um treinamento de RAC (Reportagem com Auxílio do Computador) dado pelo coordenador de cursos e projetos da Abraji, José Roberto de Toledo.
Para a repórter Talita Bedinelli, da Folha de S. Paulo, o curso poderia ter explorado mais técnicas de investigação. “Acho que o curso foi bom, pudemos discutir bastante sobre a profissão e perceber como cada jornalista atua diferente diante de uma mesma apuração.
Uma coisa bastante positiva foi o fato de ele ter sido bastante prático: escrevemos e discutimos em grupo o tempo todo. Mas senti falta da teoria também. Acho que faltou falar mais sobre as ferramentas disponíveis para aprofundar nossas investigações, como foi feito em uma das tardes pelo Toledo”.
O assessor de comunicação do Banco Mundial no Brasil, Mauro Azeredo, avaliou o curso como muito bom. Azeredo disse que o Banco Mundial pretende continuar a investir em treinamento e que, nesse sentido, “o Brasil tem muito mais a oferecer do que receber”. Ele disse que o Banco Mundial tem a idéia de levar os conhecimentos em jornalismo investigativo do Brasil a países menos desenvolvidos.