• 13.03
  • 2009
  • 16:04
  • Mariana Baccarin

Repórter é algemado e detido em delegacia ao fotografar procurador de Justiça indiciado por homicídio

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O repórter Jefferson da Luz, do site Campo Grande News, foi preso e algemado durante três horas no último dia 5 de março. O jornalista cobria a prisão de Carlos Alberto Zeolla, procurador de Justiça indiciado pelo homicídio de seu sobrinho, Cláudio Alexandre Zeolla.
 
O acusado aguardava no Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros) em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o carro que o levaria para prestar depoimento. Outros jornalistas tentavam obter uma declaração ou imagem de Zeolla, enquanto Luz entrou numa área restrita.
 
Após discutir com um policial, o repórter foi imobilizado, algemado e detido na delegacia.
 
Segundo o assessor de comunicação da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Jeferson Luppe, o repórter desrespeitou as placas que indicavam que aquele era um local restrito e responderá por desacato à autoridade.
 
 “Achei que estava num lugar público. Quando convém, a polícia expõe o ladrão como um troféu na frente do símbolo [logomarca do Garras] para fotografarmos”, disse o repórter à Abraji. 
 
O jornalista estava acompanhado da chefe de redação do portal, Ângela Kempfer, que diz ter sido expulsa do local quando tentava procurar Luz. “Me diziam que não tinha ninguém ali”, declarou. A jornalista acrescenta que as placas estavam cobertas por plantas, o que dificultava a sinalização da área restrita.
 
A equipe do site Campo Grande News afirma que apresentará denúncia na corregedoria da Polícia Civil.
 
Crime
 
No último dia 3, Cláudio Alexandre Zeolla estava próximo à academia que freqüentava, em Campo Grande (MS), quando foi atingido por um tiro na nuca. O rapaz chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu.

Testemunhas afirmaram que o disparo foi efetuado por um homem que fugiu em um carro conduzido por um adolescente. Com base nos depoimentos, os investigadores identificaram o veículo, que pertence ao procurador de Justiça Carlos Alberto Zeolla, tio da vítima.

O procurador foi preso em flagrante e confessou o assassinato. Segundo o assessor de comunicação da Polícia Civil, uma das hipóteses é que o crime tenha sido praticado por vingança. A vítima teria agredido o próprio avô, pai do procurador.

Assinatura Abraji