• 11.09
  • 2012
  • 15:58
  • Karin Salomao

Reportagens brasileiras são finalistas de prêmio internacional

Duas reportagens brasileiras estão entre as finalistas do Online Journalism Awards, prêmio concedido pela Online News Association em parceria com a Escola de Comunicação da Universidade de Miami. O jornal Gazeta do Povo concorre com o projeto “Retratos do Paraná”, um painel do desenvolvimento do Estado com mapas interativos e reportagens. A reportagem multimídia “Um ano do terremoto no Japão”, do UOL Notícias, está na mesma categoria, projetos desenvolvidos em outra língua que não o inglês por veículos de comunicação com mais de 100 profissionais. O resultado do prêmio será anunciado no dia 22 de setembro em São Francisco, nos Estados Unidos.

Ambos os trabalhos têm em comum o uso de recursos multimídia. Os dois projetos foram tocados por equipes multidisciplinares que criaram um formato que comportasse vídeos, reportagens, mapas e bancos de dados.

 

Retratos do Paraná

O trabalho da Gazeta do Povo parte de um mapa interativo do Estado, que reúne diversos indicadores sociais, econômicos, de saúde, meio-ambiente, educação, cultura e política dos municípios paranaenses. A partir desse banco de dados, a equipe de reportagem viajou mais de 10 mil quilômetros pelo estado para dar um rosto aos municípios.

De 26 de setembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012, foram publicadas cerca de 50 reportagens produzidas em várias partes do Paraná. O trabalho da equipe da Gazeta do Povo, porém, começou bem antes, no dia 1º de agosto, quando começaram a pensar o banco de dados. Para Bruna Walter, editora do projeto, o primeiro desafio foi obter todos os indicadores, organizá-los e transformá-los em dados manipuláveis. “São informações muito dispersas, foi um trabalho reunir todas em uma base só”, diz, em entrevista à Abraji. “Foi um garimpo, mesmo”.

A segunda etapa do trabalho foi dar um rosto a esses dados. Para isso, percorreram mais de 10 mil quilômetros. Foram três roteiros de viagem pelo Paraná - Norte e Noroeste, Sul, Oeste e Sudoeste – com duração de uma a duas semanas. A cada viagem, a equipe passava por aproximadamente dez cidades – aquelas que se destacaram em um ou mais indicadores.

Uma das histórias mais marcantes para Anderson Gonçalves, repórter que participou das viagens de reportagem, foi a viagem a Prado Ferreira, pior município em termos de abandono escolar.O repórter conheceu Ana Alves de Souza e Silva, uma senhora semianalfabeta que tenta fazer a neta de 14 anos retornar à escola. “Foi uma história que me marcou muito”, diz Anderson. “Percebi a dificuldade em voltar à escola e a falta de estímulo”.

 

Um ano de terremoto no Japão

A reportagem do UOL Notícias também é a outra das finalistas brasileiras do prêmio. A equipe recontou, um ano depois, a tragédia do terremoto no Japão, seguido de tsunami e acidente nuclear.

Para dar conta da dimensão do impacto em todo o país, a equipe optou por uma reportagem multimídia. A ideia foi de Edilson Saçashima, editor-assistente e que na época era responsável pela editoria de internacional. A melhor maneira de mostrar como o país estava se reconstruindo “era ir até lá e colher as histórias. O material era tão rico, que não caberia apenas em texto e fotos. Foi então que decidimos criar algo especial que destacasse todos os conteúdos”, diz Cintia Baio, que atuou na produção da infografia.

O projeto começou a tomar forma em janeiro de 2012, quando se estruturaram as equipes que trabalhariam nele. A equipe de infografia do UOL criou um formato que fosse compreensível ao internauta e que desse a dimensão da tragédia. Em paralelo, a redação produzia reportagens, entrevistas com especialistas e organizava vídeos e imagens. Para Cintia, “o principal desafio era tentar manter uma linearidade da narrativa e, ao mesmo tempo, deixar o internauta livre para escolher o que quisesse ver”.

Na reportagem multimídia, há bastante destaque a fotos e vídeos, vindos de agências de notícias internacionais ou cinegrafistas amadores. Para Cintia, “as imagens eram realmente impactantes e eram elas que nos davam a dimensão do que realmente aconteceu. Imagina um navio no meio das casas, um carro em cima de telhados!”.

Para completar a cobertura, Edilson Saçashima viajou ao Japão durante uma semana para ver como algumas cidades estavam se reestruturando, um ano depois. “A ideia era mostrar que o terremoto e o acidente nuclear afetaram não só uma região, mas todo o Japão”, diz Saçashima. “Acho que jamais teremos noção da dimensão do que foi o terremoto e o tsunami para essas pessoas. Há muita dor e uma mistura de emoções em suas histórias”, diz ele.

No Japão foram feitos vídeos e textos. Para Saçashima, foi um desafio gravar material suficiente e editá-lo de forma a dialogar com os textos. “Tive algumas dicas práticas de como manusear uma handycam. Nunca havia filmado para trabalhos profissionais, apesar de ter feito curso de documentário”, diz.

Assinatura Abraji