- 15.04
- 2010
- 16:21
- Folha de S. Paulo, ProPublica
Reportagem produzida de forma independente é vencedora do Pulitzer 2010
O Propublica, um site de notícias sem fins lucrativos, ganhou nesta segunda-feira, 12, o prêmio Pulitzer de jornalismo, uma das premiações de maior prestígio nos Estados Unidos. É a primeira vez que um veículo on-line ganha o prêmio.
Veja a lista dos premiados
A reportagem vencedora, “The deadly choices at Memorial” é da jornalista Sheri Fink, e trata das decisões tomadas por médicos do hospital Memorial Medical Center durante a passagem do furacão Katrina por Nova Orleans.
O ProPublica é uma organização sem fins lucrativos, cujo objetivo é financiar reportagens investigativas. Segundo o site da instituição, a crise das empresas de publicação e a revolução dos meios levam a uma situação em que “a forma [de reportagem] que ficou conhecida como “reportagem investigativa” está sendo espremida para baixo, e em alguns casos para fora [das publicações]”. O site conta com uma equipe de 32 repórteres, além de editores e administradores, financiados por contribuições filantrópicas de entidades, principalmente a Sandler Foundation, e contribuições de leitores.
Novas formas de financiamento de reportagens investigativas foram discutidas numa das mesas do 4° Congresso da Abraji, que aconteceu em julho de 2009. Rosental Calmon Alves, que participou da mesa, postou em seu twitter (@Rosental) que a premiação do ProPublica é “um forte reconhecimento do jornalismo sem fins lucrativos no ecossistema da mídia dos Estados Unidos”.
A reportagem também foi lançada pela revista do "New York Times", e alimenta uma discussão presente nos Estados Unidos, em relação à conduta de médicos em desastres. Há no momento uma campanha capitaneada pela médica Anna Pou para criar uma legislação que proteja os médicos de serem processados pelas decisões tomadas em situações de catástrofes. Pou é investigada por “mercy killing” (mortes por misericórdia) devido ao alto número de pacientes mortos durante sua atuação no Memorial Medical Center.
Após a publicação do trabalho, foram abertas investigações sobre a morte de Jannie Burgess, paciente de Ewan Cook, médico do Memorial. Cook afirma na reportagem ter ministrado doses letais de morfina em Burgess. A reportagem também foi enviada a membros do painel do Instituto de Medicina, que produziram um relatório distribuído entre autoridades americanas, com diretrizes sobre como lidar com a falta de equipamentos vitais durante catástrofes.
Leia aqui a reportagem “The Deadly Choices at Memorial”, vencedora do Pulitzer.
Outros ganhadores
Já o www.sfgate.com, site do "San Francisco Chronicle", ganhou na categoria charge editorial, também na primeira vez para uma empresa de internet.
Distribuído desde 1917, o prêmio Pulitzer foi instituído a partir do testamento de Joseph Pulitzer, proprietário de jornal que morreu em 1911. Os premiados, escolhidos por uma comissão de 18 integrantes, recebem US$ 10 mil. Os vencedores deste ano foram divulgados nesta segunda-feira, 12, pela Universidade de Columbia.
Grandes vencedores
Os jornais "The Washington Post" e "The New York Times" foram os grandes vencedores do prêmio Pulitzer.
O "The Washington Post" venceu nas categorias reportagem internacional, reportagem especial, comentário e crítica. Já o "The New York Times" ganhou nas categorias reportagem investigativa, reportagem explicativa e reportagem nacional.
No "Washington Post", o prêmio para reportagem internacional foi para Anthony Shadid - agora no "New York Times" -, com sua série de reportagens do Iraque. Gene Weingarten ganhou o prêmio de reportagem especial escrevendo sobre pais que matam seus filhos acidentalmente ao esquecê-los dentro do carro.
A colunista Kathleen Parker, que tem uma coluna sobre assuntos políticos e morais, venceu na categoria comentário e Sarah Kaufman, que escreve sobre dança, foi a campeã na categoria crítica.
No "New York Times", o repórter Michael Moss e membros da equipe venceram com a reportagem investigativa sobre hambúrguer contaminado e falhas na vigilância sanitária. Matt Richtel e a equipe do jornal ganharam na categoria reportagem nacional ao escrever sobre os riscos de usar telefone celular e computadores ao dirigir.