- 03.02
- 2020
- 15:55
- Maria C. Esperidião
Liberdade de expressão
Relatório mostra que jornalistas do centro e do leste da Europa estão sob constante ameaça
No momento em que líderes populistas aumentam a pressão para o jornalismo independente em todo o mundo, um novo relatório do Reuters Institute for the Study of Journalism, ancorado na Universidade de Oxford, discute os desafios enfrentados por repórteres e editores do centro e do leste do velho continente.
O documento aponta que a autonomia e a independência desses profissionais estão ameaçadas por agressões verbais de políticos. Repórteres também relataram que sofrem ataques de colegas que trabalham em organizações midiáticas rivais, empenhados em desacreditá-los perante a opinião pública.
O relatório destaca que essas ameaças se espalham em um contexto preocupante: no momento em que vários índices de liberdade de expressão caíram, notadamente na Polônia e na Hungria. Nos últimos três anos, foram registrados três assassinatos contra jornalistas investigativos.
Na Eslováquia, as mortes do repórter Ján Kuciak e sua noiva Martina Kušnírová provocaram uma comoção pública que posteriormente levou à renúncia do primeiro-ministro e outras autoridades. Mas o crime evidenciou as ameaças físicas aos jornalistas que apuram casos de corrupção e crime organizado.
O Reuters Institute enviou quase 100 questionários a jornalistas de 16 países da região e perguntou, por exemplo, em que temas os jornalistas sentiam que a habilidade de trabalhar vinha sendo reduzida. O Instituto também entrevistou alguns nomes seminais do mercado.
A pesquisa aponta também o aumento de ações judiciais contra profissionais, além de medidas do governo para cancelar anúncios nos veículos que publicam reportagens críticas, ao mesmo tempo em que há um investimento financeiro da máquina estatal em jornais com agendamento enviesado pró-governo.
Os entrevistados lembraram que a pressão para atacar a imprensa também se manifesta por meio do rastreamento de conversas telefônicas e e-mails desses profissionais.
Meera Selva, que assina o relatório, explica que o documento mostra a necessidade de criar e manter redes de apoio e solidariedade aos profissionais perseguidos. Leia o texto original em inglês aqui.
Foto: REUTERS/David W. Cerny