• 11.12
  • 2015
  • 15:23
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Relatório aponta aumento de jornalistas mulheres em redações latino-americanas

De acordo com o relatório de 2015 do Projeto Global de Monitoramento da Mídia (Global Media Monitoring Project, em inglês), o número de mulheres jornalistas em redações aumentou na América Latina. No entanto, a boa notícia vem junto com uma ruim: apesar do crescimento das plataformas digitais, as questões das mulheres no jornalismo não tiveram mais visibilidade em todo o mundo.

Na média global, apenas 26% das notícias online e tuites dizem respeito a mulheres, - índice pouco maior do que os 24% das reportagens de jornal, televisão e rádio. A porcentagem de matérias reportadas por mulheres é de 37, número que permanece o mesmo desde 2005.

O relatório foi organizado pela Associação Mundial para Comunicação Cristã (World Association for Christian Communication na sigla em inglês) e mostra ainda que as mulheres foram menos visíveis no noticiário político em comparação ao último estudo, de 2010. As notícias econômicas e políticas focadas em mulheres ocupam, respectivamente, 5% e 7% da mídia global, enquanto que 9% das reportagens focam em temas como a igualdade de gênero.

"A mídia deve ser um exemplo de igualdade de gênero, mostrando mulheres em diversos trabalhos e situações e representando as mulheres em todas as áreas de cobertura", disse Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, entidade que apoiou o levantamento. "E ainda assim a mídia ainda está em grande parte fazendo o oposto."

O cenário, no entanto, não é de todo ruim. Em 2015 as mulheres foram menos propensas a ser retratadas como vítimas do que em 2000, apesar de ainda serem mais propensas do que os homens. Além disso, na América Latina, a taxa de 27% de mulheres que trabalhavam em redações de rádio, televisão ou jornais em 2000 agora subiu para 41%.

“Esse é o desenvolvimento mais significante dos últimos 10 anos. A América Latina é agora a região com a maior proporção de mulheres chefes de governo. Ela tem um ativismo voltado a direitos humanos muito forte, e um movimento feminista vibrante. Quando mulheres são empoderadas, suas notícias mudam”, disse Karin Achtelsletter, secretária geral da Associação Mundial para Comunicação Cristã.

As mulheres correspondem a 47% dos repórteres em meios impressos, 36% dos radialistas e 50% dos repórteres de TV, e a porcentagem de mulheres que foram assunto ou fonte de notícias nos jornais, rádios e televisão aumentou de 16% em 1995 para 29% em 2015, de acordo com o relatório - apesar de o valor ainda ser baixo.

Segundo o estudo, enquanto os jornalistas homens são mais valorizados por sua experiência profissional, as mulheres são mais valorizadas por sua idade: 43% das repórteres têm entre 19 e 34 anos, enquanto apenas 14% dos repórteres correspondem a essa faixa etária; e 53% dos jornalistas homens têm entre 35 e 49 anos, enquanto apenas 33% das jornalistas estão nessa faixa etária.

O relatório concluiu que formas de mídia alternativa podem gerar oportunidades de produzir mais conteúdo focado no gênero. 

Assinatura Abraji