- 10.08
- 2022
- 18:50
- Abraji
Acesso à Informação
Proposta de resolução no MP pode limitar divulgação de remunerações, alertam organizações
Coordenado atualmente pela Abraji, o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas enviou, nesta quarta-feira (10.ago.2022), uma carta ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) alertando sobre uma proposta de resolução que ameaça a transparência e o controle social nos MPs. A medida coloca em risco a divulgação de dados como a remuneração e informações sobre a atuação de membros e servidores dos órgãos, sob a justificativa de adequação dos órgãos à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A proposta de Resolução nº 1.00415/2021-60 obriga os cidadãos a se identificarem para consultar os dados de remuneração de promotores e servidores disponibilizados nos portais de transparência dos MPs. Para o Fórum de Acesso, é uma “medida descabida, que representa imenso retrocesso na transparência pública da instituição”. A equiparação de dados financeiros a dados pessoais estabelecida na proposta de Resolução também gera, segundo a coalizão, risco de restringir a divulgação dos dados de remuneração.
Em outro ponto, a proposta classifica a “cópia (...), comunicação ou difusão de dado pessoal” como incidentes de segurança, e estabelece que o tratamento de dados pessoais (que inclui a divulgação) pode ser considerado risco de violação se puder causar “danos à reputação” e se fizer referência a “aspectos que digam respeito ao desempenho no trabalho, à situação econômica (...)”. O Fórum alerta que, se aprovada desta forma, a Resolução “impõe constrangimento ao uso livre de informações públicas”, pois abre margem para que análises e reportagens com base em dados divulgados pelos próprios MPs, como remunerações e informações sobre a atuação no cargo, sejam consideradas violações ou vazamentos.
“As medidas apresentadas na resolução, visando a adequação à LGPD, distanciam-se do pressuposto de transparência como regra e o sigilo como exceção estabelecido pela Lei de Acesso à Informação (LAI)”, aponta o Fórum de Acesso na carta, completando: “eventuais conflitos normativos entre as duas legislações não podem servir para potencializar um cenário de opacidade na esfera pública”.
No texto, a coalizão solicita ainda “a revisão da proposta de resolução e a imediata supressão dos pontos destacados, em consonância com o direito constitucional de acesso a informações públicas, cuja defesa integra a missão do Ministério Público”.
O documento é assinado pelo Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas e, individualmente, por outras cinco organizações que integram o grupo: Transparência Brasil, Fiquem Sabendo, Brasil.IO, Livre.jor e Abraji.