- 17.07
- 2019
- 09:59
- Marina Atoji
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Projeto Comprova retoma atividades e já produz a primeira checagem da nova fase
Na última segunda-feira (15.jul.2019), o Projeto Comprova inaugurou sua nova fase. Lançado durante o 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, o maior projeto colaborativo da imprensa brasileira reúne novamente 24 veículos concorrentes na esfera comercial em nome do interesse público: analisar e combater a disseminação de rumores sobre políticas públicas relacionadas ao governo federal. A iniciativa é coordenada pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e pelo First Draft (entidade que pesquisa e combate a desinformação nas redes). Google News Initiative e Facebook Journalism Project patrocinam e dão apoio técnico ao projeto.
A primeira checagem já foi publicada na terça-feira: um conteúdo que circula nas redes em apoio a Paulo Guedes, ministro da Economia, afirma que bons índices econômicos do Chile devem-se a uma "quase extinção dos socialistas" e à ajuda de Guedes. A afirmação é enganosa, segundo a verificação feita por oito veículos diferentes.
Assim como durante as eleições de 2018, o público poderá enviar ao WhatsApp do Comprova (11 97795-0022) conteúdos duvidosos para serem checados. Segundo Daniel Bramatti, presidente da Abraji, "o objetivo do Comprova não é simplesmente desmentir determinados boatos, mas mostrar as características que evidenciam sua falsidade e que são comuns a diversos conteúdos enganosos".
O novo Comprova é integrado pelos seguintes veículos: AFP (Agence France-Presse), Band TV, Band.com.br, BandNews FM, BandNews TV, Canal Futura, Jornal Correio, Correio do Povo, Estadão, Exame, Folha de S. Paulo, GaúchaZH, Gazeta Online, Jornal do Commercio, Metro Jornal, Nova Escola, NSC Comunicação, O Povo, Poder360, Rádio Bandeirantes, revista piauí, SBT e UOL.
Até dezembro de 2019, os jornalistas desses meios trabalharão em conjunto, cada qual em suas redações mas em um mesmo ambiente virtual, sob a supervisão de editores do Comprova. O fluxo de cada checagem é desenhado para aumentar a precisão e a confiabilidade: um dos jornalistas inicia a verificação, documentando as checagens que fez, as ferramentas que usou e as evidências que coletou. Outros jornalistas revisam o trabalho e confirmam ou oferecem sugestões sobre necessidade de mais informações. Para publicar uma reportagem, pelo menos três parceiros têm que confirmar as descobertas do primeiro verificador.
Resultados da primeira edição
Segundo análise publicada pelo First Draft no último 27.jun, o conteúdo produzido pelo Comprova durante as eleições de 2018 chegou a 1 entre 4 internautas brasileiros. Foram 147 verificações publicadas (92% desmentiram conteúdos falsos ou enganosos), selecionadas dentre quase 70 mil perguntas e sugestões recebidas por meio do WhatsApp.
Uma enquete com o público mostra que 40% declararam que o Comprova os ajudou a decidir seus votos. Mais de 70% dos respondentes compartilhou ou discutiu as verificações do Comprova para informar alguém. 80% das pessoas disseram confiar no conteúdo produzido pela iniciativa.