
- 12.08
- 2025
- 12:12
- Ramylle Freitas
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Programa de bolsas da Abraji impulsiona inclusão e amplia vozes no jornalismo durante o 20º Congresso
Com o objetivo de tornar o 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo mais diverso e inclusivo, e ampliar a troca de conhecimento e experiências, a Abraji ampliou o programa de parcerias para realizar diferentes processos seletivos de bolsistas. Este ano, o evento bateu seu recorde e teve 141 bolsistas.
Oriundas de projetos da Abraji foram 12 bolsas do Defensores Ambientais; 15 do Caravana; e 12 como parte do XII Seminário de Pesquisa de Jornalismo Investigativo. Já as iniciativas financiadas contaram com 15 bolsas para profissionais que atuam com jornalismo local; três para estudantes de baixa renda; três para indígenas; 30 para mulheres negras; 9 para as mesas Excelência em Jornalismo; e 12 para jornalistas freelancers, além dos 30 participantes da Jornada Galápagos, que tiveram a estada estendida e acesso ao Congresso. As iniciativas tiveram financiamento da I’Max, Forbidden Stories/SafeBox, Transparência Internacional - Brasil (TI-BR), da jornalista e diretora da Abraji Basília Rodrigues, e apoio da Fundação Lemann e do YouTube.
Para Katia Brembatti, presidente da Abraji, aumentar a diversidade no Congresso por meio dos programas de bolsa é a realização de um sonho antigo. “Ano após ano, a Abraji tem conseguido ampliar o número de participações de pessoas que não conseguiriam ir até o nosso evento. A gente sabe que é um custo significativo, principalmente para quem mora muito distante de São Paulo. Então, a Abraji começou conseguindo apoio para grupos de cobertura de periferia, passamos a viabilizar a vinda de amazônidas, e foi ampliando ano após ano, gestão após gestão, a ponto de, neste ano, a gente bater o nosso recorde e conseguir patrocinadores que acreditaram no nosso projeto para financiar a formação de jornalistas”, afirmou Katia.
O Congresso transforma realidades
O Congresso abordou temas de grande relevância para o jornalismo atual e o futuro da profissão, como técnicas de investigação, Inteligência Artificial, COP30 e meio ambiente, entre outras temáticas que geraram debates durante as palestras, sabatinas e oficinas que aconteceram no evento. É por meio das bolsas que essas discussões fomentadas ganharam ainda mais diversidade. Segundo Emilli Marolix, uma das bolsistas indígenas, participar do 20º Congresso foi uma experiência enriquecedora tanto para o seu lado profissional quanto para o pessoal.
“A bolsa foi fundamental para que eu pudesse estar presente. Sem ela, eu não teria conseguido participar, especialmente vindo da região Norte. Estar nesse espaço, trocando ideias com jornalistas de diversas partes do Brasil e discutindo temas tão relevantes, foi inspirador e me fez perceber o quanto é necessário fortalecer as vozes que vêm dos territórios indígenas e da Amazônia”, compartilhou Marolix.
Em um depoimento para suas redes sociais, a estudante de jornalismo Victhorya Leite, uma das bolsistas do programa de bolsas para mulheres negras, compartilhou como foi a sua experiência de participar do Congresso. Confira o vídeo aqui.
No vídeo, ela fala: “Todas as mulheres negras, nós carregamos as mesmas narrativas, as mesmas dificuldades. E isso me fortaleceu muito, porque até então, era uma guerra solitária. Estar acompanhada de outras 29 jovens jornalistas como eu, formadas e estudantes, me encheu de uma força inenarrável."
Além disso, a estudante também compartilhou o que achou sobre a acessibilidade da Abraji durante o evento. “A Abraji foi 100% acessível em tudo, nada foi um problema. Principalmente a questão do táxi, o meio de locomoção não é barato para quem utiliza cadeira de rodas. Agradeço a toda a equipe. E isso é a primeira vez que acontece [...] nunca foi tão normal apresentar uma demanda e ela ser resolvida com naturalidade para que eu possa estar presente."
A presidente da Abraji pontua, também, como o Congresso transforma a realidade daqueles que participam. “Essas pessoas fazem contato, melhoram suas produções, conseguem ter uma percepção mais acurada das tendências do jornalismo. A gente gostaria de conseguir mensurar o tamanho do impacto disso. Ficamos só nos números de quantas pessoas são impactadas com esse projeto, mas gostaríamos de poder medir como esses processos alteram perspectivas e tocam a vida das pessoas.”
Essa transformação também é reiterada por Marolix. “Tive a chance de conhecer pautas inovadoras, aprender com grandes profissionais e também sentir que meu trabalho e minha trajetória têm valor e espaço no jornalismo investigativo. Agradeço muito à Abraji pela oportunidade!”
*Foto: Luciana Vassoler/Abraji
