- 19.07
- 2019
- 14:24
- Abraji
Liberdade de expressão
Presidente usa desinformação para atacar jornalista
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) repudia as acusações falsas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a jornalista Miriam Leitão. Segundo reportagem do jornal O Globo, durante café da manhã com correspondentes estrangeiros, nesta sexta-feira (19.jul.2019), Bolsonaro chamou de "drama mentiroso" o relato de Miriam a respeito das torturas e abusos que sofreu quando foi presa em 1972 pela ditadura militar.
O presidente usou desinformação para acusar a jornalista de ter tentado "impor a ditadura no Brasil na luta armada", afirmando que ela foi detida quando se dirigia à guerrilha do Araguaia (movimento armado de oposição à ditadura militar). Miriam nunca fez parte da guerrilha, e sua prisão aconteceu quando ela ia à praia com o então companheiro. Militante do PCdoB à época, Miriam participava de reuniões, distribuía panfletos e pichava palavras de ordem contra a ditadura em muros. Grávida, ela foi torturada e ficou presa por três meses.
Não é a primeira vez que Bolsonaro cita falsidades para desqualificar e agredir jornalistas cujos trabalhos o desagradam. As consequências para a liberdade de expressão e para a segurança de profissionais da imprensa são graves, como mostra o recente cancelamento da participação de Miriam e de seu marido Sergio Abranches na 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul. Os organizadores disseram que não teriam como garantir a segurança de ambos após mobilização de protesto promovida por um simpatizante do presidente.
A Abraji manifesta solidariedade a Miriam Leitão e a todos os jornalistas que são alvo de ataques por fazer seus trabalhos.
Diretoria da Abraji, 19 de julho de 2019.