- 09.06
- 2017
- 13:07
- Mariana Gonçalves
Prêmio de Jornalismo Lorenzo Natali realiza cerimônia de premiação; brasileira está entre ganhadores
A brasileira Fernanda Maldonado, do Paraná, está entre os dez jornalistas agraciados, na quarta-feira (7.jun.2017), com o Prêmio de Jornalismo Lorenzo Natali 2017. A premiação ocorreu em cerimônia no fórum European Development Days (EDD), organizado pela Comissão Europeia. A diretora da Abraji Alana Rizzo, que participou do júri do prêmio, estava presente.
Além de Fernanda, destaca-se o jornalista indiano Saurabh Sharma, vencedor do Grande Prêmio com reportagem sobre garota que morava nas ruas da cidade de Varanasi, na Índia. Houve ainda vencedores na Europa, na África, no Oriente Médio e na região Ásia-Pacífico. Dois jornalistas que escreveram especificamente sobre liberdade de crença e religião receberam um prêmio temático. É possível encontrar informações sobre todos os ganhadores neste link (em inglês).
“Foi uma grande surpresa quando soubemos do resultado”, diz Fernanda, em entrevista à Abraji nesta sexta-feira (9.jun.2017). A reportagem vencedora “Trabalho invisível”, que trata de trabalho escravo no interior do Paraná – “especificamente, da exploração de trabalhadores das colheitas de erva mate”, completa –, começou como um projeto para o último ano de graduação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), no ano passado. Junto com Fernanda, trabalharam os estudantes Patricia Martyres, Alan Silva, Jonatan Lavor e Fabrício Calixto. “Esse é um trabalho coletivo; [no prêmio] sou apenas a representante da equipe”, diz ela.
Com proposta multimídia, a reportagem buscou conciliar inovação narrativa e investigação com enfoque em questões sociais. “Decidimos fazer um webdocumentário imersivo, utilizando elementos gráficos e artísticos, infográficos, reportagens audiovisuais, em texto, fotojornalismo, áudios”, Fernanda conta. O projeto foi inteiro financiado por crowdfunding, o que permitiu custeio de viagens durante cinco meses e a contratação do webdesigner Marcos Jaski e do quadrinista e ilustrador Robson Vilalba, na época da Gazeta do Povo.
Antes de ir a campo, uma das maiores preocupações da equipe era entrevistar personagens para a reportagem. “Infelizmente, acabamos conhecendo vilas inteiras de trabalhadores que vivem sob condições precárias ou irregulares de trabalho. Muitos deles se enquadram como vítimas de trabalho análogo à escravidão, e é isso que trazemos no webdocumentário”, afirma a jornalista. Além dos trabalhadores, foram entrevistados sociólogos, juristas e auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Decidimos nos inscrever [no prêmio] para aumentar a visibilidade sobre a causa; acabamos nos envolvendo muito com a temática”, continua. “A partir de agora, nos sentimos mais motivados a continuar trabalhando em reportagens de maior profundidade e que tocam em questões nem sempre fáceis de lidar.”
Criado em 1992 e realizado anualmente pela Comissão Europeia, o Prêmio de Jornalismo Lorenzo Natali homenageia jornalistas cujas reportagens demonstram comprometimento com o desenvolvimento social e a erradicação da pobreza. É famoso por reconhecer produções que trazem à luz histórias potentes e dão voz a quem menos pode ou consegue ser ouvido. Neste ano, também se destacou o tema da liberdade de religião e de crença.
Foram mais de 500 submissões de histórias e os vencedores foram escolhidos por um júri independente formado por sete jornalistas e profissionais especializados em desenvolvimento e direitos humanos. A Abraji foi especialmente convidada pela Comissão Europeia para integrar o júri, e indicou Alana Rizzo para representá-la.
A cerimônia de premiação foi transmitida ao vivo pelo site da Comissão Europeia e pode ser vista na íntegra neste link. A apresentação do trabalho de Fernanda pode ser vista a partir de 1h06min.