- 11.07
- 2009
- 13:20
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“Precisamos desconfiar sempre do saber convencional e ser menos arrogante", diz Luiz Gonzaga Belluzzo
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o jornalista Celso Ming falaram sobre mercado financeiro e jornalismo no painel “A Cobertura da Crise Econômica”, durante o congresso da Abraji, na manhã deste sábado. O professor de economia da Unicamp e o colunista do jornal O Estado de São Paulo discutiram a recente globalização do mercado financeiro e os desafios da cobertura jornalística diante dele.
Na percepção de Belluzzo, falta modéstia tanto a economistas quanto a jornalistas. Para ele, os profissionais devem basear suas afirmações em muito estudo e não avançar além de seus conhecimentos. “A gente precisa desconfiar sempre do saber convencional e ser menos arrogante. Você tem que conceder ao leitor o direito de duvidar do que está dizendo e mostrar a ele olha, estou dizendo isso baseado nisso e nisso”, disse ao ressaltar o conhecimento como uma construção social.
Segundo Belluzzo, a crise econômica iniciada no final do ano passado pela falência do banco de investimentos Lehmann Brothers não se desencadeou porque jornalistas ou economistas não conseguiram prevê-la. Para o economista, crises ocorrem justamente porque as pessoas não conseguem antecipar aquilo que vai acontecer. “O que se pode discutir é porque não agimos de forma preventiva”. A resposta estaria na crença geral de que o mercado financeiro funcionava sozinho, que os bancos eram racionais o suficiente para se prevenir.
Na avaliação de Celso Ming, a intervenção do Estado norte-americano em sua economia não começou com a ajuda financeira dada a empresas e bancos, para que não falissem. “Tivemos uma grande intervenção do Estado, mas antes já havíamos tido uma grande intervenção para não deixar a economia quebrar e isso que causou toda essa lambança”, disse. Segndo Ming, os pacotes econômicos salvacionistas dos tempos de crise não são capazes de contê-las. Ele os comparou a uma cebola: “você tira a casca de cima, tem a de baixo e outra mais embaixo ainda até chegar no talo e você tem que chorar muito até lá”.