• 14.06
  • 2013
  • 09:59
  • Abraji

Polícia Militar fere pelo menos 15 jornalistas em manifestação; fotógrafo corre risco de ficar cego

Pelo menos dez repórteres e cinco fotógrafos foram feridos pela Polícia Militar durante a manifestação dessa quinta-feira (13.jun.2013) em São Paulo. De acordo com relatos de profissionais que faziam a cobertura, em mais de uma ocasião a polícia, mesmo advertida de que se tratava de jornalistas, disparou balas de borracha e bombas de efeito moral. Como resultado da ação policial, o fotógrafo Sérgio Silva da Futura Press corre risco de ficar cego de um olho.

Às 19h17, um grupo da Força Tática da Polícia Militar que estava na esquina da rua da Consolação com a rua Maria Antonia mirou em um grupo de fotógrafos que registravam o evento. Os repórteres se identificaram e apelaram para que não fossem atingidos, mas o pedido foi em vão e os policiais dispersaram o grupo com balas de borracha e bombas de efeito moral. No grupo estavam jornalistas de O Globo, Folha de S.Paulo, Portal Terra entre outros veículos.

O fotógrafo Sérgio Silva foi atingido em um dos olhos e, de acordo com informações médicas, tem apenas 5% de chance de voltar a enxergar. Uma bala de borracha também atingiu o olho da repórter da TV Folha Giuliana Vallone quando ela se refugiava em um estacionamento da rua Augusta. Segundo seu próprio relato, já não havia nenhuma manifestação violenta a seu redor quando um oficial do Comando de Policiamento de Choque mirou e disparou contra seu rosto. A bala provocou forte inchaço e sangramento, mas Giuliana já consegue enxergar.

Filipe Araújo, fotógrafo do jornal O Estado de S.Paulo, foi atropelado por uma viatura na região da rua Bela Cintra. De acordo com o profissional, os agentes avançaram com o veículo em sua direção ao perceber que ele fotografava as barricadas de lixo montadas pelos manifestantes.

Também ficaram feridos Gisele Brito, da rede Brasil Atual, golpeada com cassetete na nuca e no rosto; Vagner Magalhães, do portal Terra, atacado por um PM quando estava sentado na mureta sob o MASP; Henrique Beirangê, do jornal Metro, atingido por spray de pimenta no rosto; André Américo, também do jornal Metro, atingido por balas de borracha; Bruno Ribeiro e Renato Vieira, do jornal O Estado de S.Paulo, atingidos por uma bomba de gás; Ana Krepp, Leandro Machado, Félix Lima e Rodrigo Machado, repórteres da Folha de S.Paulo, e Fabio Braga e Marlene Bérgamo, fotógrafos da mesma publicação, atingidos por disparos de balas de borracha e bombas de gás. 

Além das agressões, houve dois casos de prisão de repórteres: Piero Locatelli, da Carta Capital, ficou detido de 17h a 19h20, e chegou a ser levado para a delegacia dos Jardins por carregar um frasco de vinagre na mochila. O fotógrafo Fernando Borges, do portal Terra, passou 40 minutos com as mãos nas costas de frente para uma parede, mas foi liberado. O jornalista Pedro Nogueira, do portal Aprendiz, que foi preso na terça-feira (11.jun.2013) quando cobria o terceiro protesto contra o aumento das passagens, continua detido. Ele é acusado de formação de quadrilha, crime inafiançável.

A Abraji acompanha outros casos de jornalistas feridos durante a cobertura das manifestações em São Paulo. Se tiver informações relevantes, escreva para [email protected].

Assinatura Abraji