- 22.02
- 2020
- 11:42
- Angelina Nunes e Sérgio Ramalho
Liberdade de expressão
Polícia e MP do Paraguai prendem dez suspeitos de tráfico e assassinatos e apreendem veículo semelhante ao usado na execução de jornalista
Dez dias após a execução do jornalista brasileiro Lourenço Veras, o Léo, de 52 anos, uma grande operação realizada na madrugada deste 22.fev.2020, envolvendo agentes do Departamento Contra o Crime Organizado e promotores do Ministério Público do Paraguai, resultou nas prisões de dez pessoas suspeitas de envolvimento com o crime organizado, tráfico de armas e assassinatos em Pedro Juan Caballero.
Na relação de presos figuram seis paraguaios, três brasileiros e um boliviano. Com eles foram apreendidas quatro pistolas Glock 9 mm, modelo semelhante ao usado no assassinato do dono do site de notícias Porã News, conforme antecipou em 21.fev.2020 a equipe da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) enviada ao local para apurar a morte de Léo Veras.
Além das pistolas, os agentes encontraram um Jeep Renegade, branco, que pelos indícios pode ter sido utilizado na execução do jornalista, na noite de 12.fev.2020. Veras jantava com a família no momento em que o veículo parou à frente de sua casa, no bairro Jardim Aurora, com quatro indivíduos. Três desceram do carro armados de pistolas. Dois invadiram a casa, atirando no jornalista, que tentou escapar para os fundos do imóvel, mas acabou executado com ao menos 12 tiros.
A operação coordenada pelo promotor Marcelo Pecci terminou às 7h da manhã deste sábado (22.fev.2020). Ao final, as autoridades informaram em entrevista à Rádio Império FM 103.1 (Paraguai) que os suspeitos seriam levados a Assunção, capital do Paraguai, juntamente com o material apreendido para análises que poderão comprovar a participação do grupo na execução de Léo Veras.
Programa Tim Lopes
Todos os indícios da morte de Veras sugerem que ela esteja relacionada ao exercício da profissão. Por isso, o assassinato do jornalista será o terceiro a ser incluído no Programa Tim Lopes, desenvolvido pela Abraji, com o apoio da Open Society Foundations, para combater a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis.
Em caso de crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser morto. Integram a rede hoje: Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder 360, Ponte Jornalismo, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja.