• 26.09
  • 2006
  • 13:48
  • Belisa Figueiró

PMDB-PR diz que “sugeriu quebra de sigilo” dos jornalistas, mas quer descobrir quem deu a informação

O departamento jurídico da coligação Paraná Forte, liderada por Roberto Requião, candidato à reeleição pelo PMDB ao governo do Paraná, divulgou uma nota oficial nesta terça-feira, 26 de setembro, dizendo que o pedido administrativo de providências que foi entregue à Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Paraná apenas "sugere que seja quebrado o sigilo de dados telefônicos dos responsáveis pela investigação e também dos jornalistas que noticiaram o fato". Mas o documento também confirma que a "intenção era – e é – descobrir quem seria o servidor público que, violando a lei, estava a vazar documentos sigilosos para a imprensa".

Segundo a nota, os advogados do partido tomaram a decisão de levar o pedido ao Ministério Público "sem consultar a coordenação da campanha ou mesmo o candidato Roberto Requião". Também em nota oficial, o corregedor-geral do Ministério Público, Ernani de Souza Cubas Junior, confirmou o recebimento do pedido, mas disse que só vai analisar o mérito da solicitação quando o advogado que a protocolou, Cezar Eduardo Ziliotto, anexar uma procuração que ateste a sua representatividade legal do partido.

Os jornalistas demandados, Caio Castro Lima, Karlos Kohlbach e Celso Nascimento, da Gazeta do Povo, e de Mari Tortato, da Folha de S. Paulo, investigam casos de grampos telefônicos feitos pelo policial Délcio Augusto Rasera, ex-funcionário da Casa Civil do governo paranaense e, supostamente, assessor do governador. Para a jornalista Audrey Possebom, da Gazeta, a reação do PMDB reflete as repercussões que o caso teve na imprensa.

No sábado, 23 de setembro, a coligação anexou o pedido administrativo de providências a uma liminar para tentar impedir a publicação da reportagem da Folha de S. Paulo "Acusado de grampo citava Requião e se dizia seu araponga". O juiz Munir Abagge, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) negou o pedido, escrevendo que "o deferimento da liminar postulada equivaleria à gritante censura prévia, o que não mais se admite nos dias atuais". A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia a tentativa de restrição à liberdade de imprensa na cobertura eleitoral no Paraná.
Assinatura Abraji