- 25.06
- 2020
- 10:30
- Abraji
Liberdade de expressão
PL das fake news ameaça privacidade e liberdade de expressão
Mais de 50 entidades nacionais e internacionais, entre elas a Abraji e a Human Rights Watch, assinaram uma carta que pede o adiamento da votação do PL 2630/2020, conhecido como PL das fake news. Adiada na última quinta-feira, 25.jun.2020, a nova sessão está prevista para terça-feira, 30.jun.2020, no Senado.
O relatório, assinado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), foi divulgado no fim da tarde de ontem, 24.jun.2020, e prevê coleta massiva de dados pessoas, pondo em risco a privacidade e segurança de milhões de cidadãos.
Para o presidente da Abraji, Marcelo Träsel, o texto não foi discutido em comissões e será votado de maneira apressada, num momento de crise política e no qual a sociedade se encontra ocupada com a pandemia.
"Além da ausência de legitimidade na tramitação, todas as propostas sofrem de uma falha fundamental: a premissa de que a desordem informacional pode ser combatida conferindo a autoridades ou delegados das autoridades a competência para identificar textos, imagens, áudios ou vídeos contendo afirmações falsas ou distorcidas sobre fatos", disse Träsel. "As versões atuais dos projetos de lei excluíram a tipificação penal da criação ou disseminação de desinformação, mas a vontade política de criminalizar esse tipo de comportamento está subjacente a toda a discussão e apenas foi postergada para o futuro", complementa.
A nota emitida pelas organizações afirma que "sem tempo hábil para debate e amadurecimento, o texto pode resultar numa lei que instaure um novo marco regulatório de Internet baseado na identificação massiva e na vigilância e inviabilize o uso das redes sociais e de aplicativos de comunicação." E segue: Além disso, o projeto atinge em cheio a economia e a inovação, em um momento crucial em que precisamos unir esforços para a recuperação econômica e social do país."
Leia a nota na íntegra abaixo.
Novo relatório do PL 2630/2020 ameaça privacidade, liberdade de expressão e segurança de milhões de brasileiros, com impacto direto sobre a economia do país
Mesmo durante a pandemia, Senado pode votar texto sem tempo para amplo debate
O relatório sobre o Projeto de Lei 2630/2020, divulgado no fim da tarde desta quarta-feira, menos de 24 horas antes do horário marcado para sua votação pelo Senado Federal, cria diversos problemas que podem provocar um impacto desastroso e amplo para milhões de brasileiros e para a economia do país, afetando significativamente o acesso à rede e direitos fundamentais como a liberdade de expressão e a privacidade dos cidadãos e cidadãs na Internet.
As entidades representativas, instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, empresas e cidadãos que subscrevem esta nota e que defendem o direito de todos e todas à informação de qualidade, sendo contrárias ao uso da Internet para promover ódio e crimes e disseminar mentiras, alertam para os altos riscos da votação de um relatório que não foi debatido com o conjunto dos senadores, nem com a sociedade.
Em um contexto em que o Senado realiza deliberações por meio de sistema remoto, sem comissões, o debate aprofundado sobre o tema se mostrou comprometido desde o início. Mesmo assim, nas últimas semanas, diversos esforços foram feitos, por diferentes setores, no sentido de apresentar propostas para coibir o uso indevido de plataformas de Internet, ampliar sua transparência e combater a desinformação, sem violar a liberdade de expressão e a privacidade dos brasileiros. Apesar desse esforço de construção conjunta, o relatório oficial foi divulgado no fim da tarde de quarta-feira e está agendado para ser votado nesta quinta-feira, ou seja, menos de 24 horas para análise e debate entre senadores e a sociedade brasileira.
Nesta nova versão do relatório, o PL 2630/2020 tornou-se um projeto de coleta massiva de dados das pessoas, pondo em risco a privacidade e segurança de milhões de cidadãos. Sem tempo hábil para debate e amadurecimento, o texto pode resultar numa lei que instaure um novo marco regulatório de Internet baseado na identificação massiva e na vigilância e inviabilize o uso das redes sociais e de aplicativos de comunicação.
Além disso, o projeto atinge em cheio a economia e a inovação, em um momento crucial em que precisamos unir esforços para a recuperação econômica e social do país.
Em função disso, pedimos que o Projeto de Lei 2630/2020, que Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, seja retirado da pauta do Senado a fim de que seja amplamente debatido, e que um novo relatório, mais consensual e equilibrado, seja proposto.
Assinam esta nota:
- Agência Lupa
- Amcham Brasil – Câmara Americana de Comércio para o Brasil
- Aos Fatos
- Asociación Latinoamericana de Internet (ALAI)
- Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES)
- Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS)
- Associação Brasileira de Internet (Abranet)
- Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI)
- Associação Brasileira Online to Offline
- Associação Nacional para Inclusão Digital
- Baptista Luz Advogados
- Boatos.org
- Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação
- Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net)
- Centre for Information Policy Leadership (CIPL)
- Centro de Estudos de Direito, Internet e Sociedade - CEDIS/IDP
- Coalizão Direitos na Rede
- Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OAB-RJ
- Creative Commons Brasil
- Data Privacy Brasil
- Davi Tangerino & Salo de Carvalho Advogados
- Dínamo
- E-farsas
- Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações (FNDC)
- HRW - Human Rights Watch
- IAB Brasil
- International Fact-Checking Network (IFCN)
- Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec)
- Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio)
- Instituto Liberdade Digital
- Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio
- Instituto WCF
- International Chamber of Commerce Brasil (ICC Brasil)
- InternetLab
- ISOC Brasil (capítulo brasileiro da Internet Society)
- Laboratório de Políticas Públicas e Internet (LAPIN)
- Matsuda Invest
- Moraes Pitombo Advogados
- Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE)
- Observatório do Direito Penal
- Pinheiro Neto Advogados
- Projor - Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo
- Rede Não Bata, Eduque
- Redetelesul
- SaferNet Brasil
- SEINESP - Sindicato das Empresas de Internet do Estado de São Paulo
- TozziniFreire Advogados
- Transparência Brasil
Adesões individuais:
- André Zonaro Giacchetta (Pinheiro Neto Advogados)
- Andressa Bizutti Andrade (B/Luz Advogados/Mestranda USP)
- Antonio Sergio. A de Moraes Pitombo
- Carina Bruno Lima
- Clarissa Piterman Gross (FGV Direito SP/LAUT)
- Cláudio M. Henrique Daólio
- Conrado Almeida Corrêa Gontijo (Sócio do Corrêa Gontijo Advogados)
- Cristina Tardáguila (IFCN / Agência Lupa)
- Danilo Doneda (IDP)
- Danyelle Galvao, Mestre e Doutora em Processo Penal pela USP
- Davi Tangerino (UERJ/FGV-SP)
- Débora Chabes dos Santos
- Diogo Rais
- Eduardo Nunomura
- Estela Aranha (OAB-RJ)
- Eugenio Bucci
- Eva Cristina Dengler
- Evandro Antonio Ramos Terra Varonil de Sousa
- Felipe Neto Rodrigues Vieira (Felipe Neto)
- Fernanda Nones (Resultados Digitais)
- Gillian Alonso Arruda (Food Finder)
- Gustavo Gorenstein (bxblue)
- Humberto Matsuda
- Itamar Gonçalves Batista
- Ivo da Motta Azevedo Corrêa (XVV Advogados/INSPER)
- João Fábio Azevedo e Azeredo
- José Janone Junior
- Katia de Mello Dantas
- Leandro Raca, Sócio do Galvão & Raca Advogados
- Leonardo Magalhães Avelar
- Magaly Prado
- Marcel Leonardi (FGV-SP)
- Marco Faustino (E-farsas)
- Mariana Villela Boni
- Márlon Reis
- Mônica Filgueiras Galvão
- Patrícia Helena Marta (TozziniFreire Advogados)
- Pedro H. Ramos (B/Luz Advogados/Dínamo)
- Pedro Noel
- Pedro Piccoli Garcia
- Percival Henriques de Souza
- Roberta Gazola Rivellino
- Rodrigo “Kiko” Afonso (Dínamo)
- Rodrigo Nejm
- Ronaldo Porto Macedo Junior (Direito USP/FGV São Paulo)
- Sérgio Lüdtke
- Stéphanie Lalier
- Taís Gasparian
- Thiago Tavares
- Ulisses Pompeu
Foto: Jane de Araújo/ Agência Senado