- 09.12
- 2006
- 08:53
- Belisa Figueiró
Para general, faltou
A trajetória do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira nas Forças Armadas começou em fevereiro de 1966, como cadete da Academia Militar das Agulhas Negras. Hoje, aos 59 anos, chefe do Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, o general fala sobre sua larga carreira militar, que não fica restrita ao território nacional. Ele será o primeiro palestrante do curso de conflitos armados, que ocorrerá nos dias 11, 12 e 13, em São Paulo. A promoção é da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Oboré Projetos Especiais, com apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, da Rádio CBN, do SBT e da TV Globo.
Antes de ser instrutor de Educação Física e pára-quedismo na Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai e adido militar na França e na Bélgica, Heleno foi também comandante do 3º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, ajudante-de-ordens do Ministro do Exército, oficial de Ligação com a Força Aérea Brasileira, comandante da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, no Rio de Janeiro, entre outros cargos. Entre 30 de maio de 2004 e 30 de agosto de 2005, comandou as tropas brasileiras da Missão para a Estabilização do Haiti, onde encontrou diversas dificuldades.
A primeira delas foi a falta de um serviço de inteligência, o que desencadeia uma série de impedimentos no trabalho. Heleno também aponta a lentidão na obtenção e no desdobramento do efetivo militar previsto no mandato da ONU, falta de apoio aéro-tático às operações, dificuldade para controlar as ações criminosas das gangues e ausência de projetos de desenvolvimento. “Além de tudo isso, ainda precisava resistir à violência indiscriminada”, relata ele.
Na sua palestra, que será na segunda-feira, às 9h30, o general vai falar sobre a visão dos militares brasileiros acerca do trabalho da imprensa no Haiti. Com base em sua experiência, fará uma análise crítica da postura dos jornalistas, evidenciando o despreparo, a falta de dinheiro, a falta de tempo, as dimensões e peso de equipamentos inadequados para este tipo de cobertura, a relação de confiança e desconfiança entre jornalistas e militares, o "dilema da carona" nos aviões da FAB, o medo dos jornalistas em buscar contato com os grupos armados, o desconhecimento da língua e outros problemas inerentes a coberturas como esta.