• 16.10
  • 2015
  • 12:34
  • IJNet

Panorama sobre o uso de dados abertos na Améria Latina

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Por Juan Manuel Casanueva

A cena de dados aberto cresceu significativamente na maioria dos países latino-americanos. Defensores de dados abertos em grupos de tecnologia e sociedade civil estão continuamente empurrando a agenda com os governos e também tornando dados disponíveis publicamente desde 2011.

Em 2014, uma iniciativa regional de pesquisa de dados abertos, a ILDA, foi lançada para promover e avaliar o impacto e a evolução dos dados abertos na região. E no último ano alguns governos lançaram portais de dados abertos e começaram a abrir programas nacionais e locais.

Apesar do fato de que a cena de dados abertos envolve ativistas da sociedade civil e governos, esforços específicos foram feitos para incluir as principais partes interessadas, como jornalistas.

Em setembro deste ano, ao lado de ONGs, ativistas, cientistas de dados e funcionários governamentais, jornalistas do México, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Bolívia, Peru, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai participaram ativamente da "não-conferência" anual de dados abertos da América Latina (AbreLatam) e conferência (ConDatos) em Santiago, no Chile.

Como aconteceu anteriormente, em Montevidéu, Uruguai, (2013) e Cidade do México, México (2014), diferentes defensores de dados abertos e usuários de quase todos os países de língua espanhola e portuguesa no continente se reuniram para discutir questões que envolvem a abertura e uso de dados, compartilhar experiências de projetos e lições aprendidas, e de forma colaborativa abordar esforços e desafios comuns.

Jornalistas de investigação e de dados têm tradicionalmente coletado, utilizado e até mesmo aberto dados na América Latina enfrentando níveis muito diferentes de acesso a dados públicos. Mesmo em contextos onde leis de acesso à informação não existem ou o fornecimento de dados é imposto em formatos abertos, os projetos reuniram fontes de dados e tornaram esses dados publicamente disponíveis e utilizáveis. 

Projetos como Voz Data do jornal La Nación Data e Cuentas Juradas do Ojo-Público provaram que projetos jornalísticos podem fornecer tanto dados utilizáveis ​​sobre a informação mais básica de um país como gerar matérias em profundidade com grande impacto. E, como unidades de jornalismo de dados aumentaram na região, os jornalistas mostram que são um dos principais "infomediários" neste novo ecossistema e têm a capacidade de analisar o que acontece na sociedade, descobrir práticas ilegais e contar histórias com base em dados.

Durante  a AbreLatam e o ConDatos, o papel do jornalismo na comunidade de dados aberto foi elogiado, mas também desafiado. Organizações da sociedade civil e governo precisam saber mais sobre como os jornalistas geram e usam dados em seu trabalho diário. Práticas jornalísticas com certeza fortaleceriam outros projetos e atividades de usuários de dados.

Se os funcionários do governo trabalhassem mais de perto com os jornalistas de dados, eles teriam uma melhor visão sobre a demanda de dados pública aumentando seu foco para os esforços de abertura de dados e receberiam feedback mais detalhado sobre a qualidade dos dados públicos abertos.

Por outro lado, os jornalistas de dados latino-americanos estão ansiosos para ter mais dados que, além de serem acessíveis ao público, podem ser facilmente utilizáveis e legíveis por máquina. A falta de dados abertos é vista como um dos elementos que limita o jornalismo de dados na região, pois é comum ouvir dos jornalistas a alegação de que, "se houvesse dados abertos suficientes no meu país, poderíamos produzir histórias todos os dias."

 

Nos últimos dois anos, foram feitos esforços para quebrar os silos tradicionais e juntar tecnólogos, jornalistas e organizações da sociedade civil. Como bolsista Knight do ICFJ, estou promovendo o crescimento de projetos multidisciplinares e comunidades de dados na região. O número de jornalistas participantes nas comunidades de dados abertos está aumentando e sua participação ativa será a chave para fortalecer o jornalismo e a agenda de dados abertos.       

Assinatura Abraji