• 25.02
  • 2016
  • 09:23
  • Amanda Ariela

ONG lança plataforma digital para jornalismo investigativo transnacional na América Latina

Publicado originalmente em 23.Fev.2016 no blog “Journalism in the Americas”, do Knight Center da Universidade do Texas, em Austin. Texto de Claudia Bueno e Sivia Higuera, traduzido pela Abraji. Convencida de que o jornalismo investigativo alcança contextos além dos regionais, a organização sem fins lucrativos Connectas, localizada em Bogotá, na Colômbia, lançou um novo projeto para promover a produção e distribuição de jornalismo investigativo transnacional.

ConnectasHub é a nova plataforma através da qual jornalistas regionais compartilham conhecimentos sobre técnicas de investigação e informações de interesse público que são chave para o desenvolvimento das Américas. A comunidade hoje tem 143 membros de 15 países diferentes.

“Na Connectas, começamos a trabalhar em um projeto conhecido como seis propostas para o jornalismo do novo milênio. Uma dessas propostas é que o trabalho dos jornalismo no novo milênio não é o trabalho de um eremita, é em colaboração com outros jornalistas e outros conhecimentos”, diz Carlos Eduardo Huertas, diretor da Connectas, em conversa com o Knight Center for Journalism in the Americas. “Outra proposta é olhar para os fatos além da realidade imediata. Compreender que uma situação ou história de um contexto específico pode ter pistas e conexões a outros ambientes.”

Então, com a ideia de que o trabalho jornalístico pode ter um impacto maior e alcançar um nível regional, a ConnectasHub tem relações com 10 parceiros midíaticos, que incluem Global Voices, Plaza Publica, El Nuevo Herald, El Espectador, entre outros.

Os principais tópicos do trabalho publicado por essa comunidade devem estar relacionados com questões de governança, direitos humanos ou conter alto impacto político, disse Huertas, que acrescentou que um dos fatos que consolidou esse esforço “são os muito prêmios” que alguns dos projetos já receberam, em nível nacional ou internacional.

Projetos como o “Caso Chevron: Histórias dos Esquecidos no Equador”, “A Casa Branca de Peña Nieto no México” ou investigações como a do “Novo  Êxodo Latino”, da Colômbia e do Chile"; e “Por que estão matando mulheres na Guatemala, em Honduras e El Salvador?” são alguns dos trabalhos que estão recebendo reconhecimento.

“Uma das características é que une colegas mais experientes, ´mentores´, com colegas que estão no processo de consolidação de suas carreiras. E isso também é refletido no perfil dos países que estão participando,” diz Huertas. “Há países com jornalismo investigativo de alto padrão e há países onde ele precisa ser fortalecido. Apesar de tudo, encontramos pessoas muito boas.”

Países envolvidos nessa iniciativa são Argentina, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Estados Unidos e Venezuela.

Para a jornalista Cecibel Romero, de El Salvador, ser parte de uma inciativa como essa é uma ótima oportunidade de construir uma comunidade com colegas “interessados em fazer trabalho em profundidade, que explique problemas sociais complexos que estamos vivenciando e que são relevantes à comunidade”, ela disse em um vídeo publicado no site da ConnectasHub.

Daniela Aguilar, do Equador, concorda acrescentando que, além de saber que existe alguém em quem confiar, existe a possibilidade de que, ao compartilhar informações, os jornalistas  podem tentar “fazer história em seus próprios países, não só revelando mais situações, mas também tendo um maior impacto. Ser parte da ConnectasHub é gratuito e voluntário. Há várias opções para quem quer se tornar parte da comunidade: um é através do treinamento que a Connectas oferece, depois do qual cada participante decide se quer ou não ser parte do projeto. A outra alternativa é ser recomendado por outros membros da comunidade ou por uma das organizações parceiras.

“Eu pertenço a esse pequeno exército de gente louca, ao perseguir a idéia de promover o jornalismo investigativo como uma ferramenta da democracia e responsabilizar os governos pelos seus atos com o dinheiro e poder que nós cidadãos damos a eles,” diz Daniel Santoro, da Argentina. “Porque estou convencido de que uma das funções do jornalismo além de informar, educar e entreter é ser um cão de guarda da democracia, a controladoria de todo o poder seja político, econômico ou religioso.

O projeto foi criado em conjunto com o International Center for Journalists (ICFJ), uma organização sem fins lucrativos que busca promover a produção e disseminação do jornalismo investigativo nas Américas. 

Aviso: Rosental Calmon Alves, diretor e fundador do Knight Center for Journalism in the Americas é parte do Conselho Consultivo da Connectas

Assinatura Abraji