• 22.03
  • 2013
  • 13:24
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ONG de Direitos Humanos pede que coronel Telhada deponha à Comissão da Verdade

A Conectas Direitos Humanos, organização não governamental brasileira, defendeu, em nota, que o vereador de São Paulo e ex-comandante da ROTA, Paulo Telhada, deponha à Comissão da Verdade.

Telhada apresentou Projeto de Lei para conceder a Salva de Prata, comenda do legislativo municipal, às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. Entre as realizações da ROTA, o coronel reformado apresenta a "luta contra os comunistas durante a ditadura".

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada nesta sexta-feira:

"O vereador da Câmara de São Paulo Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada (PSDB) apresentou um Projeto de Lei no dia 6 de março para conceder a Salva de Prata para a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) por seu papel de "luta contra os comunistas durante a ditadura".

Conectas alerta para o risco deste erro histórico e acredita que a Comissão Estadual da Verdade deveria convocar Telhada a prestar esclarecimento sobre qual foi exatamente o papel da Rota neste momento histórico. Telhada é coronel da reserva e foi comandante deste batalhão antes de ser eleito vereador, com a quinta maior votação de São Paulo.

No texto do PL, Telhada lembra do "passado heroico" do Batalhão e diz que "guerrilheiros estavam implantando o terror em São Paulo", até serem "sufocados" pela Rota. Pela proposta, a Salva de Prata seria concedida em sessão solene na Câmara, com todas as despesas pagas pelo Poder Público.

"Gostaríamos de saber qual foi precisamente o papel do Batalhão Tobias de Aguiar durante a ditadura. Embora a proposta de condecoração seja esdrúxula, ela enseja a oportunidade de que o vereador Telhada dê a conhecer na Comissão da Verdade uma parte importante da triste história recente do Brasil. Ele deveria ser convidado a partilhar seus conhecimentos", disse João Paulo Charleaux, porta-voz da Conectas Direitos Humanos."

Em 2012, o repórter André Caramante, da Folha de S.Paulo, foi ameaçado após publicar reportagem sobre a página de Telhada no Facebook. A rede social era uasada para a campanha à Câmara, mas incitava a violência contra criminosos e suspeitos detidos pela Polícia. Caramante teve de deixar o país.
Assinatura Abraji