- 08.07
- 2011
- 13:46
- O Globo
O impactante universo do Wikileaks
Publicado no “O Globo Blogs” em 04 de julho de 2011
Na última sexta-feira, durante a palestra "Wikileaks - Impactos dos vazamentos para o jornalismo investigativo" no 6° Congresso da Abraji, Natália Viana, jornalista brasileira e colaboradora da organização, e o islandês Kristinn Hrafnsson, que também faz parte da equipe encabeçada por Julian Assange, trouxeram para a Abraji um pouco do universo gigantesco do Wikileaks. O lema que consta no site, "Keep us strong - help Wikileaks keep governements open", traduz exatamente a que se propõe as atividades desempenhadas por hackers, jornalistas, blogueiros e outros colaboradores para a revelação de segredos que devem ser de domínio público.
Hrafnsson, que está à frente da organização enquanto Assange cumpre prisão domiciliar em Londres, compartilhou a experiência do Wikileaks em seu país, no contexto da crise econômica, quando informações secretas sobre operações de vários bancos no país foram reveladas. "Foi um despertar para o jornalismo na Islândia", disse ele, que também destacou as mudanças ocorridas em escala mundial, que trouxeram uma nova forma de investigação, colaborativa e descentralizada. "O Wikileaks desafiou a mídia tradicional e tornou os jornalistas mais corajosos até no tipo de perguntas que fazem", acrescentou.
Natália Viana contou como começou a trabalhar junto com o Wikileaks e como convenceu a organização da importância de divulgar documentos com informações sobre o Brasil antes do fim do governo Lula. Para se ter uma ideia do impacto dessa divulgação, o número de acessos ao site do Wikileaks provenientes do Brasil aumentou 9900% na primeira semana em que informações envolvendo o governo brasileiro vieram a público.
Existem mais de três mil documentos que se referem ao Brasil em poder da organização. Aos poucos, eles vão sendo trabalhados por jornalistas parceiros e distribuídos a alguns órgãos da imprensa, como O GLOBO e a Folha de S. Paulo. Depois, eles ficam disponíveis no site do Wikileaks. "A intenção é que o leitor leia a reportagem e depois procure e tenha acesso ao documento completo, para que possa tirar suas próprias conclusões", explica Natália.
Kristinn Hrafnsson lembrou que o Wikileaks está sem financiamento desde dezembro, quando empresas de cartão de crédito, a Western Union e o PayPal consideraram a organização liderada por Julian Assange persona non grata e bloquearam as doações às suas contas. "Mas eles não vão parar a gente através disso. Se tivermos que ir para a rua e pedir esmolas, nós faremos isso", garantiu Hrafnsson, deixando claro que o Wikileaks ainda tem muitas informações a revelar.