O Estado da Tecnologia nas Redações Globais
  • 23.02
  • 2018
  • 08:37
  • IJNet

O Estado da Tecnologia nas Redações Globais

Artigo publicado originalmente no IJNet

O Estado da Tecnologia nas Redações Globais é a primeira pesquisa sobre a adoção das tecnologias digitais na mídia de notícias em todo o mundo. O Centro Internacional para Jornalistas trabalhou com a Universidade de Georgetown para realizar o estudo em 12 línguas, e recebeu mais de 2.700 respostas de jornalistas e diretores de redação em 130 países.

Enquanto enfrentamos um ambiente de de mídia global cheio de incerteza e excitação, obter uma compreensão abrangente desta nova era e o que significa para jornalistas nunca foi tão urgente.

Nossa pesquisa procurou responder a uma pergunta crítica: os jornalistas estão acompanhando o ritmo da revolução digital? Apesar de grande avanços em potencializar novas tecnologias, concluímos que a resposta é não.

Descobrimos as seguintes tendências principais:

As redações ainda enfrentam uma lacuna tecnológica profunda.

Tecnólogos continuam escassos nas salas de redação. Apenas 5 por cento dos funcionários de redações têm diplomas relacionados com tecnologia, e 2 por cento das redações empregam tecnólogos. Somente 1 por cento emprega editores de analytics.

Diretores são mais competentes em mídia digital do que seus funcionários. Sessenta e quatro por cento dos líderes de redação foram contratados com experiência em mídia digital, em comparação a 45 por cento dos jornalistas.

A maioria das redações não está redefinindo funções para a era digital. Oitenta e dois por cento dos trabalhos na redação permanecem em funções tradicionais (repórteres, editores, redatores editoriais). Cerca de 18 por cento são funções digitais novas (editor de mídias sociais, produtor de conteúdo digital, editor de analytics).

Jornalistas usam um conjunto limitado de habilidades digitais. Das 23 habilidades digitais que pesquisamos, a maioria das redações usa principalmente quatro: postar/comentar nas redes sociais (72 por cento), tirar fotos digitais (61 por cento), atrair audiências nas redes sociais (58 por cento) e distribuir conteúdo em várias plataformas (56 por cento).

O jornalismo digital conseguiu alguns ganhos substanciais.

Redações somente digitais e híbridas estão ultrapassando redações tradicionais em sete das oito regiões pesquisadas.

O líder em digital é a Eurásia/ex-URSS, com a porcentagem mais alta de redações somente digitais (55 por cento) em comparação com o resto do mundo.

O retardatário em digital é o Sul da Ásia, a única região onde a mídia tradicional continua dominante. Quase metade de todas as organizações de mídia (43 por cento) são redações tradicionais.

Em uma era que notícias falsas e hacking proliferam, poucos jornalistas estão tomando as devidas precauções.

Apenas 11 por cento dos jornalistas usam ferramentas de verificação de redes sociais, embora a maioria (71 por cento) use as redes sociais para encontrar ideias de matérias.

Mais da metade dos jornalistas (54 por cento) e redações (52 por cento) não consegue proteger suas comunicações.

Apesar da maioria das redações considerar desafiador ganhar a confiança de seu público, há duas exceções principais.

Somente 21 por cento das redações na Eurásia/ex-URSS identificam a construção de confiança como um grande preocupação.

Surpreendentemente, apenas 29 por cento das redações norte-americanas dizem que a confiança é uma questão urgente, contrariando a tendência mundial.

Novos modelos de receita estão emergindo, mas não com a rapidez suficiente.

O gerador de receita mais importante, após a publicidade (70 por cento), é o conteúdo patrocinado (44 por cento).

Organizações somente digitais são duas vezes mais propensas a gerar receita de fontes alternativas (contribuições filantrópicas e doações individuais) que redações tradicionais ou híbridas.

Redações em países em desenvolvimento relatam maior urgência em criar novos fluxos de receita. Cerca de 70 por cento das redações na África Subsaariana, América Latina e Oriente Médio/Norte da África identificam esse problema como um grande desafio comparado com 44 por cento dos norte-americanos.

As redações ainda não abraçaram inteiramente os analytics de dados para tomar decisões.

Menos da metade das redações (45 por cento) consulta os analytics diariamente. As redações usam analytics de dados principalmente para dirigir tráfego para seus sites.

Visualizações de páginas/pageviews é a métrica que mais recebe a atenção das redações (73 por cento). Bem menos atenção é dada a métricas de engajamento: compartilhamento social (46 por cento), taxa de conversão (18 por cento) e scroll depth/rolagem de página (16 por cento).

Jornalismo é uma profissão de jovens

O maior número de funcionários nas redações digitais varia em idade de 25 a 29 anos e entre 30 e 35 para redações híbridas e tradicionais.

O treinamento digital que jornalistas querem não é o que suas redações acham que eles precisam.

Jornalistas (52 por cento) querem treinamento em jornalismo de dados, mas apenas 40 por cento das redação oferecem esse tipo de treinamento.

Quarenta e seis por cento das redações fornecem treinamento em verificação e pesquisa em redes sociais, enquanto apenas 22 por cento dos jornalistas o identificam como útil.

Apenas 9 por cento dos jornalistas indicaram como prioridade a colaboração entre departamentos da redação, mas 28 por cento das redações oferecem treinamento sobre o assunto.

O vasto alcance do ICFJ nos deu acesso a redações em oito regiões: Eurásia/ex-URSS, Europa, América Latina, Oriente Médio/Norte da África, América do Norte, África Subsaariana, Sul da Ásia e Sudeste/Leste da Ásia.

Surpreendentemente, descobrimos que as redações são mais parecidas do que diferentes. Com algumas exceções, as oito regiões estão se adaptando à era digital de maneiras semelhantes. Compartilham processos, ferramentas, habilidades e treinamento comuns.

Este relatório é rico em informações sobre aspectos fundamentais da tecnologia nas redações e as pessoas que estão levando o jornalismo para o futuro. Convidamos você a explorá-lo e agradecemos seus comentários.

Este artigo foi publicado originalmente na Rede de Jornalistas Internacionais (IJNet, em inglês). A IJNet oferece as notícias mais recentes sobre inovação de mídia no mundo, aplicativos e ferramentas de notícias, oportunidades de treinamento e dicas de especialistas para jornalistas profissionais e cidadãos em todo o mundo. Produzida pelo Centro Internacional para Jornalistas, a IJNet acompanha o cenário em mudança do jornalismo de uma perspectiva global em sete idiomas: árabe, chinês, inglês, português, russo e espanhol. Siga a IJNet no Twitter e Facebook e assine o boletim semanal gratuito da IJNet.  

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