• 19.05
  • 2007
  • 12:06
  • Murilo Machado, aluno de Jornalismo da Cásper Líbe

‘O computador é o melhor amigo do jornalista’, garante Spinelli

Com uma palestra que mais se assemelhou a um bate papo, Evandro Spinelli, repórter da Folha de S. Paulo, contou suas experiências na cobertura das administrações públicas de várias cidades paulistas. Por ter acompanhado de perto a campanha, a gestão e a renúncia de Antônio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto-SP, muitos exemplos foram baseados nesse período.

 

O palestrante iniciou a exposição apontando alguns problemas por que passa o jornalismo – que, a seu ver, já é investigativo em sua essência –, como o desejo de obter dinheiro e poder por parte de donos de jornais, a intervenção de certas gestões na imprensa (incluindo demissões e mortes de jornalistas) e os entraves ao trabalho jornalístico impostos pelas administrações públicas.

 

No campo conceitual, “jornalismo investigativo” foi definido como o ato de ter informação necessária para se ter a razão. Para que isso se dê com mais eficácia, há aspectos imprescindíveis: análises de dados financeiros, dos documentos públicos, de banco de dados, de leis e de projetos de leis.

 

Segundo Spinelli, a tecnologia é uma grande aliada ao trabalho do jornalista. O trabalho com RAC (reportagem auxiliada por computador) pressupõe planilhas de cálculo, gerenciamento de banco de dados e sites de referência na Internet.

 

Dessa forma, o Diário Oficial dos municípios, dos estados e da União possibilita pesquisas e montagem eficiente de dados, visto que é obrigação das administrações tornar público, entre outras informações, licitações e contratos, seus fornecedores, gastos públicos setorizados, nomeação de servidores, doadores de campanhas e empresas parceiras. A técnica fundamental é “desconfiar sempre”.

 

Ao rastrear os passos de uma gestão, o palestrante aconselha a leitura dos Diários Oficiais todos os dias – antes mesmo de começar qualquer outro trabalho – bem como conhecer e identificar os nomes completos dos integrantes com alguma importância na administração pública nacional. Além disso, é indispensável estar familiarizado com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com a Lei de Licitações e entender o básico de matemática.

 

Outros termos jurídicos podem causar confusão entre leigos e os dicionários contribuem para isso. Spinelli tratou de diferenças básicas entre convite de preços, tomada de preços e concorrência pública. Comparou também casos específicos em que se verificam dispensa de licitação e inexigência de licitação, notórios exemplos de brechas na lei que, de certa forma, fomentam irregularidades.

 

Quando menos explícitas, as irregularidades se fazem presentes nas próprias licitações. Foram expostas fórmulas e dicas de como acompanhá-las. Sempre que algo chamar a atenção, convém pedir os documentos para análise.

Para resumir o espírito da palestra, Spinelli disse: “O computador é o melhor amigo do jornalista”.

Assinatura Abraji