- 16.12
- 2020
- 13:42
- Abraji
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Número de jornalistas presos alcançou patamar inédito em plena pandemia, segundo CPJ
Em um ano marcado por governos que reprimiram a cobertura da pandemia de coronavírus ou tentaram suprimir os relatos de distúrbios civis, as detenções arbitrárias de jornalistas atingiram um patamar inédito, de acordo com o último censo anual do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Ao menos 274 profissionais estavam presos em 1º de dezembro ante 250 na mesma data do ano anterior. Foi o maior número desde que a organização internacional começou a coletar dados no início dos anos 1990.
China (47), cujo regime aprisionou vários jornalistas que cobriam a crise sanitária, Turquia (37), Egito (27), Arábia Saudita (26) e Irã (15) lideram a lista dos países que mantêm mais jornalistas encarcerados. Dois terços dos profissionais de imprensa presos são acusados de crimes contra o Estado, como terrorismo ou participação em grupos proibidos. Conteúdos identificados como enganosos por governos locais foram a justificativa de 34 prisões.
Para o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon, essa onda de repressão atrapalha o fluxo de informações e alimenta a infodemia, além de ser uma forma de censura. “Com a covid-19 assolando as prisões em todo o mundo, também está colocando a vida de jornalistas em risco”, sublinhou em comunicado da entidade.
Em Honduras, o jornalista David Romero – diretor das homônimas hondurenhas da Rádio Globo e da TV Globo, que cumpria pena de 10 anos por difamar um ex-promotor – faleceu no dia 18.jul.2020. Um dos dois jornalistas detidos mortos pela covid-19, segundo o CPJ, ele foi infectado pelo coronavírus em uma penitenciária localizada na cidade de Támara, próxima à capital, Tegucigalpa.
Apesar de não figurar na lista de nações que mais encarceraram profissionais de imprensa em 2020, Belarus, governado durante 26 anos por Aleksandr Lukashenko, registrou a alta mais expressiva no levantamento. Durante os protestos contra a reeleição do presidente em sexto mandato, em ago.2020, dezenas de repórteres foram presos. Em 1°.dez.2020, pelo menos dez ainda estavam sob custódia do Estado.
Esta semana, a organização Repórteres sem Fronteiras destacou em seu balanço anual como Belarus se tornou um país com registro de detenções arbitrárias.
Ainda de acordo com o documento do CPJ, protestos e tensões políticas foram a causa de muitas prisões, a maioria na China, Turquia, Egito e Arábia Saudita e em outros países. “Líderes autoritários tentaram controlar as reportagens prendendo jornalistas”, resume o relatório.
Foto: Bob Jagendorf/ Wikimedia Commons